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Aramis

Artigo em 06.12.1981

MORAES MOREIRA (Luís Carlos Morais, Itauçu, Bahia), surgiu há 13 anos, como compositor, cantor e violonista dos Novos Baianos. Hoje, quando cada um daquele irreverente e criativo grupo procura caminhos autônomos - Pepeu Gomes e Baby Consuelo como superstar da WEA, Paulinho Boca de Cantor (Paulo Roberto Figueiredo de Oliveira), no disco independente, etc., Moraes é um artista de vigor e carisma, capaz de lotar estádios, como prova agora, em suas apresentações no Rio ou Curitiba, na semana passada. Depois de passar pela Sigla, foi na Ariola que Moraes encontrou-se espaço definido, com um trabalho de brasilidade, definido em seu último Lp a partir da própria concepção da capa (idealizada por João Galhardo/Fiona Duff): pássaros sobre sua foto, em duas épocas: 1981 e 1948 ambas já com o instrumento na mão. Trabalhando com diferentes compositores - Pepeu Gomes ("Axé do Ghandi"), Charles Negrita ("Paxorô"), Wally Salomão "Lenda de São João"), Galvão ("A Terra é Boa"), Guilherme Maia/Zeca Barreto ("Vida, Vida"), Osmar/Solon Melo ("Dodo no Céu, Osmar na Terra"), entre outros - e como sempre amparado na formação eletricamente na linha baiana, Mores traz um disco altamente curtível. Curtível e brasileiro, com raça e esmero. MAURÍCIO DUBOC / CARLOS COLLA [têm] suas músicas gravadas por Roberto Carlos e programados pelos mais exigentes diretores artísticos das FMs do País. Entretanto, quando são interpretados por um intérprete que atinge a faixas mais populares sofrem, como o cantor, injustas discriminações. É o caso de Altemar Dutra (Aimorés, MG, 6/10/1940) cujo novo lp "Eu Nunca Mais Vou Te Esquecer", RCA), reúne um repertório dos mais fáceis de garantir aceitação pela camada mais simples de consumidores, com versões como "Você que é sua amiga" ("Tu que eres su amiga"), "Meu Velho" (Mi Viejo, Pierro)(, "Dançando Com Lágrimas Nos Olhos" (Dancing with tears in my eyws, Joe Byrke/Al Dubin/Lamartine Babo), ao lado de canções que são feitas ao seu estilo de "Trovador das Américas" como "Eu Nunca Mais Vou Te Esquecer" (Moacyr Franco), "Aparências" (Cury Fatha), "Pensamento" (Gilliard). Curiosamente, Altemar buscou também ressuscitar sucessos dos anos 60, como a balada "Quem é" (Osmar Navarro/Oldemar Magalhães) ou um pot-pourri de três dos maiores êxitos de Miltinho: "Poema do Olhar" (Evaldo Gouveia/Jair Amorim), "Poema do Adeus" (Luiz Antônio) e "Meu Nome é Ninguém" (Haroldo/Luiz Reis), nesta com a presença do próprio Miltinho. Entre as novidades "Domingo é Carnaval" (Marcos Moran) e "Quando Você For Embora" (Mathuzalém). WALDICK SORIANO (Eurípedes Waldick Soriano, caitité, BA, 13/5/1933), a exemplo do que fez Nelson Gonçalves há alguns anos, também se propôs a gravar versões de clássicos estrangeiros, para provar de que pode levar ao seu (imenso) público, canções de melhor qualidade daquelas que, habitualmente, interpreta. Assim em [?] se "Esta Noite ou Nunca" não abandona compositores como Adelino Moreira, Silvinho ("Esta Noite Eu queria Que O Mundo Acabasse") e Mário Zam/Palmeira) ("Os Homens Não Devem Chorar"), mas dá também sua "leitura" de um clássico de Bert Kampefert que Sinatra imortalizou ("Estranhos ao Luar/Strangers in the night"), renova "Cerisier rose et pommier blanc" (Loiuguy - Jacques Larue), que em 1954 se tornou famoso com o tema de "O Alforje do Diabo" (The Underwater), primeiro filme sistema Trucolor. Na voz sertaneja de Soriano temos também versão de "La Vie En Rose", o clássico de Loigy/Edith Piaf, que em sua versão se transforma em "Quando Estou nos Teus Braços". No campo das versões "Tengo que me acostumbrarme", "Quizas, Quizas", "Seguire mi camino" e "Quando Me Enamoro" também tiveram suas adaptações. Em cima de tantas versões, dois velhos sucessos nacionais: "Solidão" de Nonô Brasílio e a clássica "Vingança" de Lupicinio Rodrigues (1914-1974), cujo título é bastante sintomático das intenções internacionais de "O Frank Sinatra do Nordeste" ao internacionalizar seu repertório. ROBERTO LEAL, cantor e compositor português, tem um público específico. Aspecto de garoto bem comportado, simpático, garante seus elepês anuais com uma boa absorção e, [tranqüilamente], emplaca nas programações das AMs. Seu novo disco (RGE/730.60006), não deixa de ter a linha lusitana ("Virgem de Fátima", "Festa Portuguesa", "Como e as Batatinhas Que As Sardinhas Acabaram" e a clássica "Coimbra", de Fernão/Galhardo) já que o seu público se concentra especialmente nesta faixa. Entre o rurbano e o romântico, CARLOS ALEXANDRE é outro intérprete jovem que a RG tem para enfrentar a concorrência nesta faixa. Em seu segundo lp ("Você"), alterna repertório próprio - incluindo parcerias com Acioly Neto "Primavera"), a composições na linha da dor de cotovelo, mas sem a dramaticidade que compromete tantos intérpretes desta faixa: em "Cabecinha Branca" e "Caixinha de Amor", consegue até momentos de enternecimento. JOSÉ LUIZ RODRIGUEZ, também garotão e boa pinta, fica nas versões de sucessos hispano-americanos, traduzidos por Gabino Correa e Carlos Alberto. Em seu Lp (RGE, Top Hits_), José Luiz desfila um repertório monocordicamente de consumo, abrindo apenas uma exceção para "Pavo Real" (Cezar del Avila). Se Altemar Dutra e Waldick Soriano fazem suas versões com êxito, Luiz Rodrigues também decidiu explorar a mesma faixa. MÁRCIO GREYCK, outro intérprete da faixa rurbana - que pela sua forte presença no mercado discográfico, nesta época de crise, não pode ser desprezada, conseguiu com "Aparências" vender mais de 100 mil cópias. O mesmo esquema de consumo musical é repetido em seu novo lp, com composições próprias como "Tentativa" e "Vivendo por Viver" (já gravados por Roberto Carlos) e "No Tempo, No Ar e No Coração" (com seu novo parceiro Paulo Sérgio Valle, o que somado a "Honestamente" (Eduardo Lages/Carlos Colla) e "Aparências" (Cury & Fatha), mais "Travesseiro", devem catipultuar este lp (CBS, 81) às paradas de sucesso. CESAR SAMPAIO é outro dos intérpretes rurbanos que a Ariola conta em seu elenco - que como se vê cresce cada vez mais na área do chamado "povão". Em "Ouça Meu Grito" (Laço, 040012), Cesar não deixa de incluir um dos hits de Odair José ("Sonho de Um Menino Pobre") ao lado de músicas-marketing produzidas por Cassiano Costa em parceria com Janjão, produtor do selo Rodeio: "Marcas", "Uma Simples Palavra", "Era Só O Que Faltava", "Momentos" e "Preciso de Um Abrigo". Mas fica em "Funcionária Exemplar" (Walter José/Mandy Jean Pierre), o momento de maior ironia deste cantor. Com a Pablo praticamente desativou suas edições jazzísticas no Brasil, neste final de ano uma das poucas opções par quem curte o bom jazz é o lp "Standing Tall" com os Crusaders (MCA/Ariola), grupo instrumental que sabe fundir as modernas correntes do jazz ao consumo jovem. Nebert "Stix" Hooper (bateria, Joe Sample (teclados) e Wilson Felder (sax tenor) são texanos de Houston, e foi Hooper o primeiro a formar o grupo "Swingsters", que reunia instrumentistas influenciados pelo jazz de Charlie Parker, Chico Hamilton, Max Roach, Gillespie e Stan Kenton. A estas influências, acrescentaram um estilo próprio, que Hooper chama de "Costa do Golfo". O público texano logo reconheceu o seu nível e o grupo chegou a Los Angeles onde, com o nome de "The Jazz Crusaders" destacava-se. Em 1975, já simplesmente Crusaders excursionaram pela Inglaterra com os Rolling Stones e desde 1976 estão em destaque mundial. Paralelamente ao grupo, Joe Sample já fez dois lps solos ("Raibow Seeker" e "Carmel"), e agora, após "Rhapsody & Blues", temos "Standign Tall", um disco vigoroso, uma das faixas das quais "I'm So Glad I'M Standing Here Today", já anotamos para inclusão entre os melhores do ano. ONE WAY - é um grupo que no gênero funky - disco explode em música e energia. Al Hudson, líder do grupo, tornou-se conhecido por programas de televisão na área de Detróit e ali nasceu o grupo The Soul Parthners, que hoje se chama apenas ONE WAY. Na linha da música que Al Green, Natalie Cole, Rufus, James Brown e Barry With, o ONE WAY fornece uma música explosiva e alegre, como pode-se sentir neste "Francy Dancer" (MCA/Ariola), com um punhado de composições próprias do grupo, formado por Al Hudson, Dave Roberson, Kevin McCord, Cortes Harris, Candyce e Jonathan "Corky" Meadows. KIKI DEE retornou no ano passado à Inglaterra, após 3 anos de temporada em Los Angeles. Este ano, esta cantora inglesa (Bradford, 1947), passou para a Ariola, por onde sai agora "Perfect Timing", também faixa-título e um dos destaques que chegou entre os 20 primeiros lugares na Inglaterra. Na verdade, Kiki está na vida musical há 16 anos, pois em 1965, no festival de San Remo, já era a segunda classificada e, em 1969, começava a gravar na Taml & Motown, o que a levaria a se integrar ao chamado som de Chicago. Nos EUA, The Kiki Dee Band trabalhou com os grupos Steely Dan e The Beach Boys e, posteriormente, acompanhou Elton John, ao mesmo tempo que "I Got The Music In Me" alcançava as paradas. Hoje, com um público consolidado, vem mantendo o seu estilo e neste seu novo disco. "Loging You Is Sweeter Than Ever", há a amorosa participação de Elton John.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
28
06/12/1981

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