Em Florianópolis
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de dezembro de 1981
Uma Capital em que houve apenas um crime de morte durante um ano. Uma Capital onde a polícia é mobilizada no Carnaval - dos mais animados do País - para conduzir os motoristas bêbados para casa. Um Carnaval onde não houve uma única prisão. Onde os policiais estão proibidos de andar armados nas festas populares. Existe sim. E não é na Finlândia, Suíça ou Mônaco, mas sim há apenas 200 quilômetros. Florianópolis se orgulha de ter o menor índice de crimes de todas as capitais brasileiras, embora a divulgação nacional de seu sossego comece a atrair alguns elementos indesejáveis, como explica o jornalista Wilson Libório de Medeiros, assessor de imprensa da Secretaria de Segurança e Informações - única pasta, aliás, a ter esta designação oficial.
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O titular da Secretaria da Segurança e Informações está no cargo há 7 anos. Já passaram dois governos e o general Ari Oliveira, 51 anos, bonachão e simpático, tem sido mantido - sendo voz corrente na cidade de que ficará por quanto tempo desejar, "afinal conseguiu um recorde em termos de [tranqüilidade] para a cidade", diz seu entusiasta assessor Libório de Medeiros.
Em Santa Catarina, existem cerca de 5 mil policiais - 1.200 dos quais na Capital. Com tanta calma em Florianópolis, até o hino da Polícia Militar acabou sendo feita por um dos raros marginais presos nos últimos meses Um crioulo musical e simpático chamado "Neguinho Beto", ao fim de uma temporada na prisão e tendo conquistado a simpatia dos carcereiros com seus sambas descontraídos, foi apresentado ao secretário Ari Oliveira, que gostou do hino que ele lhe mostrou. O hino foi o oficializado, gravado em disco e distribuídas partituras para os [mestres] de orquestras, acabou sendo a música mais cantada no carnaval deste ano. A Brahma patrocinou protetores de copos, com a letra - catituando assim a música dos policiais.
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