O samba de Gersinho para nosso carnaval
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1985
Os compositores da cidade estão colaborando para que ao menos musicalmente as Escolas de Samba melhores as apresentações no Carnaval-85. Gerson Fisbein, 31 anos, um dos nossos mais inspirados compositores, fez um belo samba-de-enredo para a Escola de Samba Portão II – "Trinta Anos de Colunismo Social", homenageando o jornalista Dino Almeida.
Em parceria com Jozomar Vieira da Rocha, o samba-de-enredo de Gersinho é dos mais comunicativos, e na apresentação feita para a imprensa e convidados, na noite de Quarta-feira, no Champagne, todos vibraram com a bela música e seu refrão.
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Até os anos 60, as Escolas de Samba de Curitiba, não se apresentavam com sambas-de-enredo. Embora haja divergências a respeito, atribue-se ao inspirado Paulinho Vitola, então ainda adolescente, o mérito de Ter criado o primeiro samba-de-enredo de repercussão. Foi o "Ciclos Econômicos do Paraná", que a então campeoníssima Não Agite cantou na avenida, encantando o público. Glauco Souza Lobo, carnavalesco histórico e hoje dirigindo a Fundação Cultural, reivindica para si o mérito e hoje de ter introduzido três anos antes, o samba-de-enredo. Discussões à parate, o fato é que, nos últimos anos, todas as escolas – mesmo as menores – têm saído com sambas-de-enredo. Infelizmente, por falta de divulgação e, principalmente, pelos sambas serem feitos às vésperas do Carnaval, poucos são os que conhecem sua letra.
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O samba-de-enredo "Trinta Anos de Colunismo Social" estará endo gravado neste fim-de-semana, para ser catituado nas próximas semanas. Infelizmente pouquíssimas escolas têm condições de bancar gravações de Sambas-de-enredo. E a idéia de gravá-las em fita e distribuir cópias às emissoras da cidade esbarra na insensibilidade dos programadores e diretores artísticos de nossas FMs: colonizados, culturalmente, pelo que há de pior no rock internacional, preferem divulgar o lixo pop do que as músicas de nossos autores. E, com isso, os curitibanos ficam sem ouvir o som de seu carnaval.
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