Bonecos Dadá
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de dezembro de 1977
O lugar poderia ser uma loja como tantas outras, destas que surgem todo mês de dezembro para vender enfeites de Natal, cartões ou mesmo para atividades beneficentes. Mas é um teatro, um minúsculo teatro improvisado numa das ruas mais centrais da cidade, a Travessa Oliveira Bello, que vem tendo três apresentações diárias, desde o último dia 12. O "Teatro de Bonecos Dadá", uma trouxe levada muito a sério desde 1961, tem feito apresentações às 15, 17 e 20 horas na improvisada sala de espetáculos do número 44 da antiga Pérgola.
O texto de Cecília Meirelles, um auto de Natal - "O auto do Menino Atrasado"- foi montado por Euclides Coelho de Souza e Adair Chevonika e, sob o patrocínio do Bamerindus, vem atraindo um público muito especial. Pais, mães, avós e crianças, num intervalo de suas compras de fim-de-ano, param para ver a magia que é a representação de uma estória de Natal feita por bonecos.
PERSISTÊNCIA
o GRUPO DE TEATRO FOI FUNDADO, POR Euclides e Adair, aqui mesmo em Curitiba, em 1961. Os dois continuaram seus trabalhos nesta cidade até 1964, quando partiram para um período de dez anos percorrendo a América Latina. Nesta época, suas montagens eram feitas para adultos, porém, como suas apresentações sempre foram feitas em locais onde os moradores pouco tinham acesso ao teatro, o público sempre foi formado em sua maior parte por crianças.
Depois de aprender a fazer bonecos, euclides e sua esposa Adair passaram a dirigir seu trabalho para o público infantil. Mesmo assim, seus espetáculos sempre contam com a participação de adultos, que se divertem até mais que as crianças. Este ano, o "Teatro de Bonecos Dadá" montou três peças: "Boca fechada não entra mosquito" ou "Torturas de um coração", de Ariano Suassuna, "O aniversário do rei", de Ilo Klugle, e "O auto do menino atrasado", de Cecília Meirelles, com 84 bonecos.
Do grupo formado por Euclides e Adair, desde o Centro Popular de Cultura, muitos outros se formaram, como o grupo "Carreta", que já se apresentou duas vezes em Curitiba. Nesta montagem de Natal participam ainda Paula Schmidlin, Nilza Akemi Nozima, Léa Lígia Soares, Orlando Cesar Fraga e Edson Taborda. Os convites para as apresentações podem ser obtidas nas agências do Bamerindus, da Caderneta de Poupança Apepar e no bondinho da Rua das Flores. A temporada do "Teatro de Bonecos Dadá" no seu improvisado palco da Oliveira Bello continua até o dia 11 de janeiro.
FOTO LEGENDA- Auto de Natal feito por bonecos
GRAVE MOMENTO
Para Bráulio Zipperer, diretor da Federação das Indústrias do Paraná e presidente de Móveis Cimo S/S, a aceitação por parte do governo federal do pedido feito pela Confederação Nacional da Indústria, no sentido de melhorar o poder aquisitivo da população, através de um reajuste salarial acima da inflação, seria a solução para o ramo imobiliário que, segundo ele, teve graves momentos neste ano.
Afirma também que embora veja com dificuldade o ano de 1978 "a esperança é de que supere o baixo desempenho de nosso ramo em 1977".
A dificuldade, segundo Zipperer é que nas compras de reposição das unidades familiares, o ramo mobiliário não é considerado primeira necessidade porque, sendo composto de bens duráveis, pode ser deixado para trás. E essa atitude, provocada pelo pouco poder aquisitivo da população, atinge o ramo moveleiro, o qual se retrata também nas compras de material de escritório, até a redução da construção civil ocorrida neste ano. Mas Zipperer acredita que em 1978 essa situação possa melhorar, "inclusive com desafogo da polícia econômica. Mas o certo é que o setor moveleiro não está investindo em fixo, mas buscando aproveitar ao máximo o potencial instalado nas indústrias, de modo a reduzir as despesas fixas. Na medida em que ocorra a reativação dos negócios, poderemos absorver melhor os custos de operação, devolvendo a nossas empresas a solidez, que é uma característica necessária à atividade empresarial".
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