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Aramis

Cadernos da memória voltam com partituras de Henrique

Em quase seis anos de administração, o secretário Carlos Frederico Marés de Souza, da Cultura, só autorizou a edição de dez boletins da Casa Romário Martins. Em compensação, entre 1974/83, haviam sido lançados nada menos que 67 títulos, cobrindo os mais diferentes assuntos - desde o número que inaugurou a coleção ("Desembrulhando as Balas Zequinha", de Valêncio Xavier) até a "Memória de Vida", dedicada a madame Helene Garfunkel (1900-1982), quando de sua morte. xxx Portanto, o fato de voltar a circular um boletim informativo da Casa Romário Martins trazendo o catálogo de obras de Henrique Morozowicz (artisticamente Henrique de Curitiba) merece atenção. No restante, trata-se de uma reedição, atualizada do catálogo editado originalmente em 1977, com auspícios do Departamento de Conservação Cultural do Ministério das Relações Exteriores, colaboração da Documentação Musical USP/ECA - Universidade de Brasília e Sociedade de Música Contemporânea. xxx Aos 52 anos, Henrique Morozowicz é um compositor com uma obra sólida, respeitada nacionalmente. Formado em 1953 pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, já fez cursos de aperfeiçoamento no Exterior - em 1960, na Escola Superior de Música de Varsóvia e, entre 1979/82, na Universidade de Cornell e no Ithaca College de Nova Iorque, com o premiado compositor Karel Husa (Pulitzer-1969), obtendo o grau de mestre em composição musical. Professor e ex-diretor da Escola de Música e Belas Artes do Paraná - no ano passado, deixou o cargo em meio a crise que levou a intervenção da explosiva Lilian Schell (que continua no cargo, embora não seja professora da Escola), Henrique tem algumas de suas peças gravadas, inclusive por Milton Nascimento (lp "Anima", Ariola, 1982). Entretanto a grande maioria de suas obras - e que são numerosas - permanecem inéditas. Já estava na hora de ser produzido um bonito álbum duplo, com algumas das peças de Henrique de Curitiba. Seria um excelente brinde de fim de ano para uma empresa paranaense que gozaria inclusive das vantagens da lei Sarney de estímulo a projetos culturais. Aqui fica a sugestão para a secretária Suzana Munhoz da Rocha Guimarães, tão preocupada em realizar alguma coisa de concreto em sua gestão-tampão, agilizar dentro de seu programa emergencial de atividades.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
25/10/1986

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