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Aramis

Chegou "Amadeus", o gênio com marketing

Desde janeiro de 1984, quando estreou no Brasil "O Dia Seguinte", com sua carga de apocalíptica contemporaneidade sobre uma guerra nuclear, que um filme estrangeiro não obtinha tamanho marketing promocional como ocorre com "Amadeus", a partir de hoje em exibição em 40 cinemas de quase todas as Capitais (em Curitiba, Cine Palace Itália, às 11,30, 14,30, 17,30 e 20,30 horas, ingressos a Cr$ 7 mil; censura livre). Matéria de capa de revistas como "Veja" e "Manchete", destaque obrigatório em jornais e revistas nacionais, amplos espaços na televisão e rádio, confirmam o interesse por este acontecimento cinematográfico. Oito Oscar em 25 de março, anteriormente quatro Globos de Ouro (outorgados pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood), carreira de dez meses nos Estados Unidos e Canadá (onde permanece em exibição) que já rendeu US$ 35 milhões, mais de 4 milhões de espectadores somente na França. Dados que mostram a aceitação por um filme extraordinariamente bem realizado e que consegue unir a comunicação com o público e a aprovação crítica. A previsão mais pessimista para a carreira de "Amadeus" no Brasil é de uma renda de Cr$ 8 bilhões - compensando, com altíssimos dividendos, o investimento feito pela Condor Filmes para trazer esta produção de Saul Zaentz, que custou US$ 18 milhões. xxx Nem os assessores diretos de Wenceslau Verde Martinez e Manoel Amuedo Barral, presidente e executivo da Condor Filmes, respectivamente, detalham os números exatos do negócio. Consta que foram US$ 100 mil de advanced mais de 80% da renda líquida - o que daria a Condor apenas 20% do que "Amadeus" faturar no Brasil. Há informações que reduzem o advanced pago para US$ 80 mil. Uma coisa é certa: entre os direitos já pagos, custo de cópias e publicidade de lançamento o investimento passou dos Cr$ 500 milhões. As rendas dos três primeiros dias de exibição nos cinemas do Rio de Janeiro e Vitória, onde o filme foi lançado na segunda-feira, foram dentro da expectativa - mas os resultados maiores começam hoje, com a estréia em 15 cinemas de São Paulo, dois em Porto Alegre, mais Curitiba e várias Capitais do Nordeste. Só em Brasília, "Amadeus" não estréia nesta semana. xxx Maria Emília Saldanha, uma das mais competentes executivas da área de comunicação cinematográfica, assessora da Fox e da Condor Filmes, passou os últimos dias coordenando toda uma operação quase militar para distribuição de material informativo e esquema de 35 entrevistas que o ator Tom Hulce - intérprete de Wolfgang Amadeus Mozart - deu durante três dias no Rio e São Paulo. Como o diretor Milos Forman, 53 anos, encontra-se em férias na Europa, revendo seus filhos e F. Murray Abraham (que como Salieri, foi o vencedor do Oscar de melhor ator), já tinha compromissos profissionais, coube a Tom Hulce vir ao Brasil para ajudar a promoção. Americano de White Waters, pequena cidade do Wisconsin, criado em Michigan e tendo estudado na Carolina do Norte, Tom Hulce, 30 anos, chegou a Broadway e ganhou um bilhete premiado em termos teatrais ao conseguir o papel de subtítulo do ator inglês Peter Firth em "Equus", de Peter Schaeffer - o mesmo autor de "Amadeus". Em 1983, quando Schaeffer, Zentz e Forman selecionavam o elenco para o filme - e havia mais de 200 candidatos famosos ao papel de Mozart - Hulce foi o escolhido. Resultado: hoje já é um nome internacionalizado e atualmente tem contratos para dois novos filmes, uma comédia a ser rodada em Londres e outro, com direção de Franco Bussati, a ser feita nos Estados Unidos. xxx Alex Adamiu, presidente da Paris Filmes e que exibe "Amadeus" em seus cinemas em São Paulo e no Palace Itália, em Curitiba, esteve terça-feira na cidade. O vôo atrasou e não pode chegar a tempo da sessão especial, pela manhã, para jornalistas e convidados. Mas a tarde, junto com o gerente local, Antoninho Soares, checou os trabalhos de instalação do sistema de som Dolby Stéreo, que vinha apresentando alguns problemas de interferência radiofônica - já corrigidos. Dentro da estratégia de exibição, "Amadeus" terá quatro sessões diárias - a primeira na hora do almoço, "especialmente para atender ao público que esteja interessado em substituir uma refeição por um lauto banquete musical", diz o experiente Isidoro Lassalvaia, representante da Condor Filmes em Curitiba - e um dos que mais vibrou com o filme. Com 35 anos de vivência cinematográfica, felpuda raposa empresarial, Lassalvia emocionou-se com a beleza das imagens e, ao final da sessão especial, não disfarçava os olhos lacrimejantes "pela emoção e sonoridade de "Amadeus" ".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
27/06/1985

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