Folclore Acadêmico
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de fevereiro de 1982
OFÉLIA OPERA era uma aluna-destaque da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná na primeira metade dos anos 60. dona de bela voz havia ganho o cognome devido sua participação ativa no Coral regido por Mário Garau. Ofélia nunca parava de falar – mesmo durante as aulas. Alguns professores pouco se importavam, mas havia um – mestre rigoroso, espírito conservador, que insistia, e a cada aula, em lhe chamar a atenção. Pouco adiantava, Ofélia continuava a tagarelar com seus colegas, tudo era motivo para comentários.
Um dia o professor resolveu mudar de tática. Usar da ironia. E quando a moca estava no auge do papo, interrompeu as explicações de Medicina Legal – sua cadeira, e disse:
- Senhorita, por favor! Já que a sua mãe foi tão teimosa em não querer casar com o seu pai, peco que ao menos a prezada universitária não seja tão teimosa em minhas aulas.
E, encerrando ao tom pausado, esbravejou:
- Cala a boca!
A resposta de Ofélia foi imediata:
- F.D.P. é o ilustre catedrático que acabou de falar!
Guardou os livros, despediu-se das colegas e saiu da sala. Para nunca mais volta a assistir as aulas deste professor. Apesar disto conseguiu se formar e hoje é dona de uma movimentada banca.
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