Homenagem aos Gonzagas transferida para abril
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de março de 1992
Em abril do ano passado, Luiz Gonzaga Jr e o seu produtor, o advogado Roberto Costa, levados pelo compositor Cláudio Ribeiro ao governador Roberto Requião, acertaram a realização de um grande evento em homenagem a Luiz Gonzaga (Exu, Pe, 19/3/1912- Recife, 2/8/1989) que deveria acontecer na segunda quinzena de dezembro. Uma semana depois, a trágica morte de Gonzaguinha, em acidente rodoviário nas proximidades de Francisco Beltrão - e na qual Roberto Costa sofreu gravíssimos ferimentos (permanecendo quase dois meses em coma), sepultava também o belo projeto.
Felizmente, após doloroso tratamento, Renato Costa recuperou-se e sua primeira preocupação foi retomar a idéia que tanto havia entusiasmado a Gonzaguinha. Assim, no início de fevereiro esteve em Curitiba acertando que o espetáculo reunindo cinco dos maiores sanfoneiros do Brasil - Renato Borghetti, Osvaldinho do Acordeon, Nando Cordel, Joquinha Gonzaga e Dominguinhos, com a participação de Mingo na zabumba e Daniel Gonzaga aconteceria no dia 14 de março no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto.
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Coincidindo também com o lançamento oficial do Projeto Fundação Aza Branca - idealizado ainda em vida pelo grande "Lua", para implantar um complexo cultural em sua cidade Natal, Exu, (700 km de Recife), o evento - "uma homenagem do Paraná aos nordestinos que ajudaram a fazer o progresso de nosso Estado" como disse, entusiasmado, Requião, ao aprovar a idéia, reunirá várias personalidades ligadas na vida cultural brasileira e mesmo expressões políticas. O senador Marcos Maciel, ex-governador de Pernambuco, e que foi grande amigo de Gonzaga e Gonzaguinha, comprometeu-se estar presente.
Entretanto, devido a viagem de Requião ao Oriente - "e como achamos que ele deverá estar presente a este evento tão significativo", explica Renato Manoel Costa, a comissão organizadora decidiu adiá-lo para o dia 29 de abril.
- "Será também uma forma de reverenciar Gonzaguinha em seu primeiro ano de morte. Creio que ele gostaria de assim ser lembrado".
Só que ao invés do espetáculo acontecer no teatro Guaíra, a promoção deverá ser numa praça ou mesmo estádio. Afinal, o velho "Lua" sempre foi um cantor do povo, que atraia multidões em suas apresentações sempre em espaços imensos, com entrada franca ou a preços populares.
Em Curitiba, é bom lembrar, em 1973, quando da primeira administração Jaime Lerner, a concha acústica da praça Afonso Botelho - um espaço cultural que nesta gestão foi totalmente abandonado - se realizou uma apresentação de Luiz Gonzaga. Era inverno e poucos acreditavam que houvesse público. Milhares de pessoas espalharam-se pela graça, entusiasmados e exigindo vários números extras. Era o povo reconhecendo um dos maiores artistas que o Brasil já teve.
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Ao apoiar o projeto "Penseu Neu"- nome escolhido para a reunião dos acordeonistas em homenagem aos Gonzaga - o governador Roberto Requião mostrou sensibilidade e, por certo, este evento deverá merecer ampla cobertura nacional.
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