Irene & os amantes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de outubro de 1985
Frases inteligentes. Afirmações polêmicas. Segurança nas colocações. Enfim, mulher que tem muito a falar. Da arte, de trabalho profissional, da presença dela, no momento político e social. Irene Ravache, 41 anos, carioca, atriz, veio a Curitiba, para apresentar um desfile de jóias, no Country Clube, e gravou, para a revista "Quem", curta mas saborosa entrevista.
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Em entrevista a Wilmar Klein, Irene mostrou que não tem papas na língua. Falou sobre política - dizendo cobras e lagartos de Jânio Quadros, para ela o maior perigo político do momento. Disse de seu trabalho junto à União Brasileira de Teatro, entidade que reúne os produtores teatrais, da qual é a presidenta. Mas falou, sobretudo, da mulher e de sua presença na sociedade.
Negando ser uma feminista radical, já que é contrária a movimentos demagógicos, Irene definiu bem uma antiga questão: o(a) amante.
- "Às vésperas do Século XXI, não há mais espaço para a outra. Ou o outro. Temos que concentrar todas as nossas energias numa pessoa, assumindo as barras".
Com bom humor, lembrou:
- "De princípio, falta tempo para se dedicar a mais de uma pessoa.
Não há mais clima para curtir a dor de cotovelo, embriagar-se, cair na sarjeta. Se o homem fizer isso, deixará de trabalhar no dia seguinte e perderá o emprego. A época do amante (homem ou melhor) abandonado(a), já passou."
Encerrando, completou:
- Isto é old fashioned.
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Há um ano que Irene Ravache está fazendo sucessos no palco do Icab, em São Paulo, com a peça de Maria Adelaide Amaral "De Braços Abertos", ao lado de Juca de Oliveira. Um dos melhores espetáculos de 1985, "De Braços Abertos", tem como tema central o reencontro de um casal de amantes - ele um jornalista quarentão, frustrado familiar e profissionalmente; ela, uma rica mulher, que, durante algum tempo, dedicou-se à imprensa. Durante quase duas horas, no palco, passam em revista os encontros & desencontros do amor. E dos amantes.
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