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Aramis

Verinha trará melhor peça montada em 1985

Verinha Walflor, 35 anos, paranaense de Foz do Iguaçu, é uma das poucas profisssionais da área do show-bizz que se empenha em trazer bons espetáculos a Curitiba. Preocupada com a redução do mercado de trabalho na proporção em que os produtores paulistas e cariocas invadem as nossas salas, enviando os chamados "frentistas " para promoverem os seus espetáculos - e tirando, assim, a oportunidade dos profissionais locais (como ela, também Fernando Bonim ou Chaidem Pedregulho), Verinha decidiu ir à luta. E, ontem à tarde, assinou um contrato de Cr$ 120 milhões, mais despesas, para trazer no auditório Salvador de Ferrante, de 30 de abril a 11 de maio, aquela que foi, possivelmente, a melhor montagem do teatro paulista em 1984 - "De Braços Abertos". xxx De autoria de Maria Adelaide Amaral, a mais segura dramaturga da nova geração, autora de peças densas e profundas como "Bodas de Papel" e "Arquivo Morto", "De Braços Abertos" é uma dilacerante, sincera e profunda análise do amor entre um casal de amantes de meia idade. Um reencontro ocasional faz com que ele, um jornalista frustrado (magnífica interpretação de Juca de Oliveira), recorde os bons (e maus) momentos passados em companhia de uma grande paixão, uma mulher rica, bonita, mas insatisfeita com seu casamento burguês (Irene Ravache, sensacional), que conheceu na redação onde trabalhava. Os diálogos de Maria Adelaide são ótimos, o timing da peça é exato e a direção de José Possi não poderia ser mais precisa. Premiadíssima em 1984, sucesso de público por quase um ano no Taib, em São Paulo, "De Braços Abertos" se constitui num dos melhores textos já encenados no Brasil e que, graças à audácia de Verinha, será apresentado em Curitiba neste primeiro semestre. xxx Falando em teatro, um destaque: Doris Gilda, 46 anos, curitibana que faz teatro desde os seis anos, é o exemplo da atriz esforçada e que mambembeia pelo Interior, levando espetáculos dos mais diversos. Já integrou a companhia de Roberto Menghini (que durante muitos anos garantiu o caviar e o champagne diário com temporadas pelas cidades do Sul) e hoje Doris Gilda está na companhia de Luiz Girardi, um diretor-produtor sediado em São José dos Pinhais. Ao lado de Mario Moreira e dos atores Luís Carlos e Edgar Pereira, Doris Gilda já levou a revista satírica "De Eva e Adão até a Confusão" a dezenas de cidades e agora, finalmente, quer fazer uma temporada regular em Curitiba. Quarta-feira à tarde, fez uma apresentação no Sesc-Portão, para um público entusiasmado. Agora, a comédia deverá ganhar apresentações regulares no Teatro da Esquina. xxx A comédia política "Zé Maria procura Sarney para se coçar", que José Maria Santos pretende estrear em alguma cidade do Interior, em março próximo, é formada por seis divertidos sketches. Quatro foram produzidos por Aldo Schmidt (Paulo Ciça), sócio e administrador da empresa de José Maria Santos, agora instalado na Rua Vieira Cavalcanti, 240, nas Mercês. Dois quadros são de Valêncio Xavier.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
30/01/1986

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