Cidade faminta!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de janeiro de 1986
Os turistas que chegarem a Curitiba aos domingos à tarde - ou os próprios curitibanos que deixarem para almoçar fora após as 15 horas - estão condenados a passar a hamburguer e refrigerantes. Com a decisão da família Mehl, em, rompendo uma tradição de 28 anos, fechar as portas da confeitaria Iguaçu aos domingos à tarde, a cidade perdeu uma das raras opções em termos de restaurante confiável no período vespertino. Como os outros restaurantes também deixam de servir almoço a partir das 15 horas, os retardatários ficam sem opções.
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A questão dos horários nos restaurantes é, aliás, um dos aspectos mais provincianos de Curitiba. À noite, depois da meia-noite, também são raros os estabelecimentos com o mínimo gabarito que atendem a freguesia. Até o cinqüentenário Palácio, de tradições boêmias, tem fechado mais cedo e há muito que, aos domingos, também passou a cerrar suas portas. O Tortuga, nas Mercês, de um ex-garçon do Palácio, o estimado Altino Pedregulho, também tem chaveado as portas mais cedo do que o habitual.
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Frente à falta de opções melhores, quem fatura são os vendedores de cachorro-quente que permanecem nas ruas pela madrugada ou os espetinhos que se multiplicam na Rua Cruz Machado. Haja coragem, entretanto, para enfrentar esta barra, já que a fiscalização da Saúde Pública - outra das pastas inoperantes do infeliz governo José Richa - nunca se lembra de mandar checar as condições de higiene das lanchonetes da cidade.
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