Os restaurantes de categoria que Curitiba teve no passado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de março de 1992
Um livro patrocinado pela Brahma reunindo crônicas de vários autores sobre endereços gastronômicos-etílicos de Curitiba, que está sendo coordenado pelo casal Maí e Dante Mendonça - com lançamento previsto para o dia 29 de março, 299o. aniversário da fundação de Curitiba - embora reverenciando restaurantes e bares "históricos" desta cidade não esgota em absoluto um tema que está a merecer pesquisas mais amplas e profundas: a Curitiba gastronômica e boêmia, hoje presente apenas na memória de seus habitantes mais idosos.
No momento em que um restaurante de primeira categoria como o Pier 35 se firma num bairro tradicionalmente conhecido até há poucos anos pelos seus estabelecimentos típicos de comida italiana, um rápido flashback sobre os restaurantes classe "A" que surgiram em Curitiba nestes últimos 40 anos oferece amplo material para divagações - e registros feitos apenas confiando na memória de alguns contemporâneos podem ser acrescidas de novos - (e necessários) - detalhes.
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Justamente há 40 anos, era inaugurado o restaurante classe "A" que conseguia passar por quatro décadas incólume em sua qualidade gastronômica: o Ille de France, instalado pelo casal Paul e Ivone Lecoque, franceses da Normandia, que após um bar ("Normandie") no primeiro trecho da Cruz Machado ainda nos anos 40, instalaram o primeiro Ille de France num sobrado na Rua Dr. Muricy. Felipe Engler, 64 anos, publicitário, testemunha histórica das inaugurações tanto da primeira sede do restaurante - como sua posterior transferência para a Praça 19 de dezembro - onde funciona até hoje - lembra que se deve ao então presidente da Comissão dos Festejos do I Centenário do Paraná, Newton Carneiro, o estímulo para que o casal Lecoque instalasse um restaurante de primeira categoria em Curitiba.
"1953 seria o ano do centenário e o então governador Bento Munhoz da Rocha Neto havia programado a realização de 137 congressos para movimentar Curitiba. Entretanto, a cidade não oferecia infra-estrutura para receber convidados ilustres. Assim, Newton Carneiro convenceu monsieur Paul e madame Ivone a fazerem um estabelecimento requintado, servindo um prato que os curitibanos ainda desconheciam em sua maioria - o strogonoff.
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A crônica gastronômica da cidade - à espera ainda de pesquisas detalhadas (e necessárias) registaria muitas tentativas de manter restaurantes de primeira categoria na cidade. Poucos, entretanto, tiveram maior duração, sendo melancólica a relação das experiências frustadas - embora, temporariamente, tenham encontrado algum movimento. Ingeborg Rust, que integrou a comissão executiva dos festejos do I Centenário, lembra, entre outros, os restaurantes "Nino"- que por muitos anos funcionou no último andar do edifício Reichmann, na Praça Carlos Gomes, "e mais tarde, o restaurante do Clube do comércio, que o arrendatário Canêdo instalou no edifício da Associação Comercial.
Inge faz questão de lembrar, entretanto, que os restaurantes dos tradicionais GrandeHotel e Johnscher desde os anos 30, "eram sofisticadíssimos em seu atendimento". Mais tarde, o Hotel Mariluz (hoje San Martin) na Rua João Negrão, introduzia não só uma das primeiras boites da cidade, mas também o restaurante comandado pelo mestre Ramiro que marcou época.
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