Ao menos uma tela de Volpi que se encontra no Paraná - o belo óleo "Interior com Manequim", da década de 40, nas dimensões de 73 x 100 centímetros - está na magnífica exposição comemorativa aos 90 anos do nascimento do pintor, inaugurada na semana passada, no Museu de Arte Contemporânea em São Paulo. Esta tela - no valor de muitos e muitos mil cruzados - pertence ao colecionador Emilio Carlo Fineschi e foi fotografada por Orlando Azevedo para constar do catálogo. Milhares de pessoas já visitaram a mostra de Volpi, organizada pelo crítico e cineasta Olivio Tavares de Araújo, que assina também o belo texto de apresentação do artista no catálogo. Uma retrospectiva, reunindo trabalhos de todas as fases do grande mestre da pintura - da mesma geração de outro iluminado pintor, Guido Viaro - que, ao invés de São Paulo, optou pelo Paraná, aqui deixando um belíssimo acervo. Já no Centro Cultural Itaipava, na Lagoa, Rio de Janeiro, quem inaugurou ontem a noite, com toda badalação de que gosta, uma nova exposição foi Juarez Machado, catarinense de Joinville, curitibano de formação e ha 22 anos no Rio de Janeiro - hoje um nome internacional. Os trabalhos são na mesma linha das bebedoras de cerveja, que aqui expôs, no ano passado, na galeria de suas amigas Ida&Anita - e onde, naturalmente, fará uma nova mostra em breve. Afinal, Juarez é hoje um artista de mercado garantido, vendendo por milhares de cruzados cada tela. O que engorda cada vez mais sua robusta conta bancária. Na explicação desta nova exposição, Juarez Machado diz: "Penso que o ato de pintar seja antes de mais nada um canto, de amor ou de guerra. Pinta-se com egoísmo, para si próprio ou vaidosamente para um público, com limites de uma encomenda, ou livre para reter um tempo ou uma idéia (...). Junto com os quadros desta mostra, estou também exposto na minha intimidade, querendo dividir com os amigos minha privacidade, mostrando a vista das minhas janelas abertas, o desenho do papel de parede junto com as rendas das toalhas das mesas. O tema que pintei tem algo de decadente, porque alguma coisa vai mudar (monto um atelier no Exterior) se para melhor ou pior, não sei, mas já sinto um pouco de saudade. Esta série de quadros foi a melhor forma que encontrei de dizer aos amigos um até logo". De colecionadora a marchand de tablaux, Mady Correa, senhora elegante e dona de uma das mais valiosas pinacotecas particulares da cidade - passou algum tempo assessorando ao milionário Max Stoltz Neves em sua galeria - agora tem sua própria galeria - a Arte Correa ( Rua Jaime Reis, 216). Ali montou uma mostra de primitivos reunindo artistas naif de vários Estados: Agostinho Batista (SP), Do Carmo Fortes (carioca mas desde 1959 em Curitiba), Fé Cordova (Francisco dos Deuses, Goiás), Geraldo Silva (MG), José Assunção (Paraíba), Miriam Ines da Silva (RJ), Nelson Pimenta (Mato Grosso), Zica Bergami (SP) e Pildaski (Ponta Grossa). Uma surpresa na mostra: Peter Potocki, 85 anos, alemão de Munique, que começou a pintar aos 60 anos. Potocki, que atualmente vem fazendo telas com temas ingênuos, fez questão de entrar na mostra. E é um dos que mais agradam. Gilberto Rosemmann, da Casa da Criação, fazendo dupla promoção. Nos salões do Country Clube, organizou uma retrospectiva dos trabalhos de Ida Hannemann de Campos. Com esta abertura para as artes plásticas, o Country promete realizar, de 1º a 15 de outubro, seu Salão da Primavera - com bons prêmios (inscrições abertas na secretaria). Já na própria Casa de Criação (Rua Dr. Faivre, 749), uma mostra de caricaturas de Douglas Mayer, com o nome de "Personalidades". Políticos e empresários nesta mostra que é a segunda exposição de caricaturas a acontecer neste ano. A primeira - com um nível artístico melhor - foi a que reuniu trabalhos de Dante Mendonça (O Estado) e Cláudio Seto ("Correio de Notícias") na Fundação Cultural.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 13

Data: 01/08/1986

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