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Aramis

"Gráfica" mostra o que há de melhor nesta arte

No momento em que o design ganha espaço com o primeiro encontro nacional de estudantes desta profissão que sedimentou-se nos últimos anos e exposições da importância de "Designers do Boticário" ( Memorial Brasileiro do Design, Rua Cruz Machado, 98 - antiga Funarte), e especialmente, do acervo da revista Gráfica - Arte Internacional (Centro Cultural IBM, Avenida João Gualberto, 530/570) um tema que merece registros é a questão das revistas de arte que privilegiam e valorizam o talento dos melhores profissionais do design nacional. Com toda razão, Gráfica, nascido do idealismo e entusiasmo de um dos maiores artistas do país, o parnanguara Oswaldo Miranda Jr. - o Miran, é hoje referencial obrigatório - comparado apenas a duas ou três similares produzidas nos Estados Unidos e Europa. Chegando ao número 32 - em fase de impressão e com circulação prevista para o final do mês - esta revista que é hoje disputada por um público de primeiro nível, não só no Brasil mas em dezenas de outros países, é o exemplo da abnegação de um profissional dedicado a um trabalho dos mais difíceis. Trocando uma confortabilíssima posição financeira - merecida pela justa remuneração ao seu talento inúmeras vezes premiados em campanhas publicitárias da maior importância - Mirandinha tem, ao longo dos últimos sete anos em que vem editando sua revista, comprometido seu [orçamento] - e mesmo arriscando, muitas vezes o seu patrimônio. Na vontade de produzir uma revista mais que perfeita em termos visuais, recorrendo ao que existe de melhor - em matéria-prima e recursos técnicos - acumulou prejuízos. Felizmente nos últimos três anos, uma associação com dois amigos publicitários - Orestes Woestehoff e Carlos Alberto Ferreira da Costa e, mais recentemente, a fusão ao grupo Burti, dirigida pelo paulista Luís Carlos Burti - dono de um dos mais avançados parques gráficos do país - possibilitou a "Gráfica" regularizar não só sua periodicidade (seis edições por ano) como estruturar um esquema de distribuição e assinaturas para torná-la não apenas uma collector's item disputada a peso de ouro, mas uma publicação classe A , possível de ser adquirida por quem se [interessa] e sabe valorizar o trabalho deste nível. Além da competência editorial de Miran e dos excelentes recursos técnicos que a gráficos Burti oferecem - somada a fotocomposição e fotoletras da Typesseting - há o principal: material selecionado de várias partes do mundo que graças à credibilidade que conquistou em mais de 20 anos de atividades profissionais faz com que não falte para Miran a melhor ilustração - acompanhada sempre de textos inteligentes (traduzidos para o inglês pela competência de Peggy Paciornick e Marta Dias Schemm). A cada nova edição de Gráfica, há o natural deslumbramento perante trabalhos de mestres da comunicação visual - em suas diferentes especificidades- que tem verdadeiros trabalhos dignos de figurarem em museus reproduzidos com uma perfeição única. Justamente deste acervo de milhares de trabalhos, Mirandinha selecionou 550 peças das mais representativas para a exposição itinerante O Design Gráfico que após uma permanência de uma semana em Curitiba será levada a 13 outras cidades - São Paulo (MIS), Rio (MAM), Porto Alegre (IAB), Florianópolis, Blumenau, Itanhaém, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza - nos próximos seis meses. Dependendo dos espaços disponíveis, a exposição será maior ou menor (no caso de Curitiba, estarão sendo mostradas apenas 200 peças) mas representativas do design gráfico internacional - a maioria premiada pelo Art Directors Club e nas exposições Hot Type e Type Directors Club of New York. Além destas peças, a exposição traz um vídeo com trabalhos de Saul Bass, 71 anos, o design que revolucionou os créditos do cinema a partir de 1954, quando Otto Preminger (1906-1986) o convidou para titular "Carmen Jones". Outra atração especial nesta exposição de primeiro nível é um espaço especial a Bea Feither, uma brasileira que ajudou a fazer publicações americanas como Harpper's Bazer, Rolling Stones e Self. Quando se registra uma mostra como a da Gráfica, é de se repetir aquilo que os pioneiros garotos propagandas diziam nos tempos primitivos da televisão em preto & branco: é uma pena que nossa edição dos mestres do desenho gráfico. Fica, entretanto, a dica: vale a pena comparecer ao Espaço IBM para conhecer esta exposição. Igualmente merecedora de atenção a mostra dos pioneiros do designer no Paraná, que com patrocínio do Boticário, expõem seus trabalhos na Rua Cruz Machado, 50.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
19/07/1991

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