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Aramis

Vale a locação - Welles, Wilder e Seaton em três lançamentos magníficos

Com lançamentos que vinham decaindo, em termos artísticos, a cada mês, numa competição de mercado em que nivela por baixo a qualidade de suas edições, a CIC Vídeo recupera-se em abril. Em seu pacote, está lançando três filmes fundamentais, que merecem, cada um, atenção especial. Lamentavelmente, por falta de espaço, não podemos aqui dar os destaques merecidos, ficando apenas a dica a quem busca opções realmente merecedoras de serem vistas. O primeiro e mais importante lançamento é um cult movie, que representou um dos mais perfeitos momentos da carreira de Orson Welles (1915-1985): "A Marca da Maldade" (Touch of Evil). Rodado em 1958, na Universal International - numa das raras vezes em que um grande estúdio lhe deu condições de desenvolver um projeto pessoal, este thrilling em preto e branco, envolvendo tráfico de drogas, sexo e personagens inesquecíveis - como os criados pelo próprio Welles, Marlene Dietrich e Akim Tamirof, o filme teve problemas com os produtores, mas Charlton Heston - o astro principal, numa demonstração de grandeza, abriu mão de parte de seu salário para que Welles pudesse completar o filme como desejava. Janet Leight, no auge de sua beleza, então aos 31 anos, nunca esteve tão bem e sensual. Uma obra prima que merece toda atenção. Outra pequena obra prima é "Inferno 17", que Billy Wilder rodou em 1951, vindo do sucesso de "Crepúsculo dos Deuses" (Sunset Boulevard) que havia feito no ano anterior. Um dos menos conhecidos filmes de sua perfeita obra, "Stalag 17", é também um filme em preto e branco, ambientado num campo de concentração nazista, em torno de um grupo de prisioneiros americanos. William Holden (1918-1981) recebeu o Oscar por sua atuação como um dos prisioneiros, injustamente acusado de traidor. No elenco, atenção para um dos coadjuvantes, o diretor vienense (como Billy), Otto Preminger (1906-1986), numa de suas raras experiências como ator. William Holden também pode ser visto em outra esplêndida atuação em "Amar é Sofrer" (The Country Girl), que George Seaton (1911-1979) dirigiu em 1954. Baseado numa peça teatral, sobre problemas do alcoolismo, este drama da Paramount valeu a Grace Kelly (1928-1982) o Oscar de melhor atriz, num difícil páreo em que disputavam também Judy Garland ("Nasce uma Estrela"), Audrey Hepburn ("Sabrina"), Dorothy Dandrige ("Carmen Jones") e Jane Wyman ("Sublime Obsessão"). Seaton recebeu o Oscar de roteiro adaptado e o filme teve ainda indicações de direção, fotografia (John F. Warren) e direção de arte (Hal Pereira), e de Bing Crosby (1904-1977) como melhor coadjuvante - mas perdendo para Edmond O'Brien ("A Condessa Descalça"). Lançado originalmente no antigo Cine Palácio, "Amar é Sofrer", ao contrário de "A Marca da Maldade" (exibido no antigo Avenida) e "Inferno 17" (lançado no antigo Luz) foi um grande sucesso de público.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
3
21/04/1991

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