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Aramis

"Platoon" foi o filme mais premiado na noite do Oscar

Desta vez não houve superpremiações na festa do marketing, digo, do Oscar: os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood decidiram distribuir eqüitativamente as premiações, ao contrário do que ocorreu tantas vezes, quando houve ocasiões de um único filme levar até 11 Oscars, como aconteceu em 1959 com "Ben Hur" (direção de William Willer). Também não houve azarão no páreo: "Platoon" - como era esperado - saiu como o melhor filme e valeu a Oliver Stone o Oscar de melhor diretor, levando ainda de lambuja, o prêmio de montagem (Claire Simpson) e de melhor som (John, Richard, Charles e Simon). Paul Newman, indicado pela sétima vez, desta vez não foi à festa e acabou ganhando o Oscar de melhor ator por "A Cor do Dinheiro" (The Colour Of Money). Robert Wise, 73 anos, presidente da Academia, recebeu a estatueta em seu nome, mas não pode nem falar. A gagá Bette Davis, 79 anos a serem completados no próximo domingo, dia 5, mal podendo anunciar os indicados, interrompeu o discurso de Wise quando ele tentou explicar a razão pela qual o astro de "Desafio À Corrupção" - filme que, em 1961 já lhe havia valido uma indicação (interpretando o mesmo personagem, o jogador de snooker Eddie Felson, que volta em "The Colour Of Money") não compareceu à festa. Parece que os membros da Academia estão também começando a perdoar Woody Allen por sua desfeita em não comparecer à festa - mesmo quando há 10 anos, ganhou o Oscar de melhor diretor por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", (Annie Hall): seu magnífico "Hannah E Suas Irmãs" lhe valeu o Oscar de melhor roteiro original (que a própria apresentadora Shirley MacLaine cuidou de guardar) e deu ainda os Oscars de melhor atriz coadjuvante para a ótima Dianne Wiest e o de melhor ator coadjuvante para o inglês Michael Caine. Dianne nunca antes tinha sido indicada, mas Michael Caine, 54 anos, amargava derrotas anteriores - como as indicações de melhor ator em 1966, por "Aifie" (quando perdeu para Paul Scofield por "O Homem Que Não Vendeu Sua Alma"), em 1972, quando indicado por "Jogo Mortal" (Sleuth) perdeu para Marlon Brando ("O Poderoso Chefão") e, há três anos, quando, numa terceira indicação, por "A Educação De Rita", perdeu para Robert Duvall por "A Força Do Carinho" (Tender Mercies), um filme country que poucos viram. Agora, ao menos como coadjuvante, Caine levou os Oscars para casa. Como "Platoon", também a produção inglesa "Uma Janela Para O Amor" havia conseguido oito indicações. Acabou ficando com três, das chamadas categorias técnicas: figurino (Jeanny Beaun/John Baiter) - entregue por Laureen Bacall (homenageada com a projeção de um de seus mais célebres filmes, "Uma Aventura Na Martinica", roteiro adaptado (Ruth Prawer Jhabvala, do romance de E. M. Forster) e direção de arte (Brian Ackland-Snow/Ann Wingate/Lanfrando Diotallevi). Mereceria também o Oscar de melhor fotografia, mas como "A Missão" teve sete indicações, não poderia sair sem nada. Assim, o Oscar nesta categoria foi para o talentoso Chris Menges (premiado há 3 anos, por "Os Gritos Do Silêncio", do mesmo Roland Jaffe). Quem anunciou o prêmio de melhor fotografia foi Jennifer Jones, 68 anos, mas em plena forma - e cuja entrada no palco do Dorothy Chandler Pavillion foi antecedida de um revival de cenas em que, no auge de sua beleza, delirava espectadores interpretando mulheres resolutas como Pearl Chavez em "Duelo Ao Sol" (1946), Ruby Gentry ("A Fúria Do Desejo", 1952) ou a romântica Han Suyn em "Suplício De Uma Saudade" (1955) - ainda revisto na semana passada na televisão. Outra previsão confirmada: a surda-muda Marlee Matlin, por sua atuação em "Os Filhos Do Silêncio" (próxima estréia no Cine Condor) ganhou o Oscar de melhor atriz, recebendo o troféu das mãos do partner e amante, William Hurt. Não deixa de ser um estímulo às pessoas excepcionais saber que uma surda-muda pode fazer um papel tão marcante capaz de vencer atrizes como Jane Fonda (que concorreu por "The Morning After", de Sidney Lumet), Katheleen Turner (por "Seu Passado A Espera" de Coppola) e Sissy Spacek por "Crimes Do Coração". OS GANHADORES DO OSCAR/86 Melhor filme - "Platoon" Melhor direção - Oliver Stone ("Platoon") Melhor ator - Paul Newman ("A Cor Do Dinheiro") Melhor atriz - Marlee Matlin ("Os Filhos Do Silêncio") Melhor ator coadjuvante - Michael Caine ("Hannah E Suas Irmãs") Melhor atriz coadjuvante - Dianne Wiest ("Hannah E Suas Irmãs") Melhor roteiro adaptado - "Uma Janela Para O Amor" (Ruth Prawer Jhabvala) Melhor roteiro original - "Hannah E Suas Irmãs" (Woody Allen) Melhor som - John (Doc) Wilkinson, Richard Rogers, Charles (Bud) Grenzbach e Simon Kay por "Platoon" Melhor edição sonora - Don Sharpe ("Alliens") Melhor figurino - Jenny Beavan e John Bright Melhor partitura original - Herbie Hancock ("Round Midnight") Melhor direção de arte/cenografia - Gianni Quaranta, Brian Ackland-Snow, Brian Savegar e Elio Altramura ("Uma Janela Para O Amor") Melhor fotografia - Chris Menges ("A Missão") Melhor curta documentário - "Woman For America, For The Word" (Vivienne Verdon-Roe) Prêmio Irwing G. Thalberg - Diretor Steven Spielberg Melhor efeito visual - Robert Skotak, Stan Winston, John Richardson e Suzanne Benson ("Alliens") Melhor longa documentário - "Artie Shaw, Time Is All You've Got" (Brigitte Berman) e "Down And Out In America" (Joseph Feury e Milton Justice) Melhor canção - "Take My Breath Away" ("Ases Indomáveis") Melhor maquilagem - "A Mosca" Melhor desenho animado - "A Greek Tragedy" Melhor curta-metragem - "Precious Images" Melhor montagem - "Platoon" Melhor filme de língua estrangeira - "The Assault" (Holanda) LEGENDA FOTO 1 - O produtor Arnold Kopelson, a editora Claire Simpson e o diretor Oliver Stone recebem os Oscars com o premiado "Platoon". LEGENDA FOTO 2 - Depois de muito esperar, Paul Newman ("A Cor Do Dinheiro") ganhou sua estatueta, só que não apareceu para pegá-la. LEGENDA FOTO 3 - A surda-muda Marlee Matlin recebeu a estatueta de melhor atriz por sua atuação em "Os Filhos Do Silêncio".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
15
01/04/1987

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