Erros da TV na transmissão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de abril de 1987
Em relação às edições anteriores, a festa desta 59ª entrega dos Oscars, na madrugada de segunda-feira, 30, foi inferior a muitas outras. A começar que a transmissão para o Brasil, pela Globo, podou o início de forma que a entrega de alguns prêmios - como o do roteiro adaptado (para "Uma Janela Para O Amor") e atriz coadjuvante (Dianne Wiest) não foi vista. No final, também foram cortadas as apresentações dos créditos, sendo impossível saber quem dirigiu a festa.
A idéia de agrupar as cinco canções concorrentes num poutpourrit só serviu para mostrar a mediocridade das músicas que concorreram este ano. Aliás, ano a ano, cai cada vez mais o nível das canções que são indicadas ao Oscar.
A bela e afinada Bernadette Petters, com "Sing Me The Song", "costurou" as cinco candidatas: Natalie Cole e James Ingram interpretando "Somewhere Out There's" do desenho "Fievel, Um Conto Americano"; o irritante Peter Cetera com o sucesso "Glory Of Love" de "Karatê Kid II: A Luta Continua"; o péssimo Levi Stubs granindo "Mean Green Mother From Other Space" de "Little Shop Of Horrors" e Melda Moore e Lou Raws com "Take My Breath Away", de "Top Gun - Ases Indomáveis" - que foi a premiada. A única música que se salvou do desastre foi a emocionante "Life In A Looking Glass" (Henry Mancine/Leslie Bricuse), de "Assim É A Vida" (de Black Edwards, breve lançamento em Curitiba) - na voz segura de Tony Bennet.
O sistema de focalizar cenas de filmes ligados a certas personalidades presentes funciona sempre bem. Assim, rapidamente, foi possível rever uma Laureen Bacall jovem, Anthony Quinn em alguns de seus melhores personagens, Jennifer Jones no auge de sua beleza e mesmo Bette Davis em seus anos de glória. Pena que Elizabeth Taylor - convidada para abrir o envelope e dizer "the winner is" para o melhor diretor - não merecesse idêntica distinção. Aos 57 anos - completados no último dia 27 de fevereiro - continua belíssima: magra, charmosa e reluzindo em brilhantes que lembram ex-maridos.
No ano passado, Paul Newman havia ganho um Oscar honorífico. No ano passado, Steven Spielberg foi excluído na indicação dos diretores e seu emocionante "A Cor Púrpura", apesar de 11 nominations, não teve nenhuma premiação. Imperdoável...
Mas Steven Spielberg, 41 anos, o golden boy do cinema americano não é de guardar rancor. Assim foi buscar o prêmio Irwing Thalberg, concedido pelo seu trabalho "que reflete a alta e consistente qualidade na produção de filmes". O diretor de "E.T." - também homenageado com um revival de cenas de seus principais filmes - falou da importância da palavra sobre as imagens. Antes, didaticamente, com projeção de cenas e fotos tipo álbum-de-família, mais de um bilhão de espectadores que, em 83 países, acompanharam a festa do Oscar, puderam saber mais sobre o patrono do prêmio especial: Irwing Thalberg (Brooklyn, 1899 - Los Angeles, 1936) foi também um golden boy que começou pela Universal (da qual Spielberg é hoje quase dono) e, na MGM, produziu, em dez anos, mais de 200 filmes notáveis - consolidando o estudo de Louis B. Mayer.
Sônia Braga realmente tem um ótimo fã-clube em Los Angeles. Ganhou não só o convite para dividir com o produtor-ator Michael Douglas a apresentação do melhor curta-metragem, como ainda, por insistência do filho de Kirk Douglas, falou em português para 83 países do mundo.
Bonita, elegante, a estrela de "O Beijo Da Mulher Aranha" e que agora aparece no novo filme de Robert Redford "The Milagro Beanfield War" - ainda inédito nos Estados Unidos - não deixou de mostrar um certo nervosismo. Pela primeira vez nos 59 anos do Oscar, uma brasileira ali chegou. E uma brasileira de Maringá, salve, salve!
O Oscar anunciado por Sônia foi para Chuck Workman, por seu "Precious Images". E como não só no Brasil, mas também nos EUA, documentários raramente são bem promovidos.
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