Assista quatro dos cinco filmes que disputam o Oscar na segunda
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de março de 1990
Quatro dos cinco filmes que disputam o Oscar principal estão em cartaz: "Sociedade dos Poetas Mortos", em terceira semana no Bristol; "Campo dos Sonhos", no Plaza; no Lido I e Palace Itália, o emotivo "Conduzindo Miss Daisy", com nove indicações, e no Condor, "Nascido a 4 de Julho" que, com oito indicações ao Oscar, é outro fortíssimo candidato a levar as principais premiações. Só fica faltando "Meu Pé Esquerdo", que ainda não chegou ao circuitão.
Conduzindo Miss Daisy
O filme entrou em cartaz ontem, nacionalmente, e deverá ter rendas ascendentes, independente de levar ou não as principais premiações. Afinal, trata-se de um filme humano, sensível, comprovando o talento do australiano Bruce Beresford. Baseado na peça de Alfred Uhry, que recebeu o Prêmio Pulitzer 88, o filme teve uma rara felicidade: Jessica Tandy, 81 anos, na personagem título, teve uma das melhores interpretações vistas nos últimos anos do cinema. Abordando um tema difícil - a velhice, tratada de forma sutil e sincera, "Conduzindo Miss Daisy" é uma obra admirável.
Nascido em 4 de Julho
É daqueles filmes polêmicos, atuais, francos e sinceros - marca registrada de Oliver Stone, 44 anos, que há 4 anos já havia visitado o mesmo tema em "Platoon", premiadíssimo. Neste, o filme aborda as conseqüências da guerra do Vietnã: é a trajetória de Ron Kovic, que voltou paralítico do Sudoeste asiático e engaja-se no movimento pacifista. Ron nasceu realmente em 4 de julho (1946), o Dia da Independência. Era o sexto filho de uma família de trabalhadores.
Entrou na Marinha logo após concluir o curso secundário, serviu na infantaria Grunt e lutou duas vezes no Vietnã. Em 20 de janeiro de 1968, sua carreira se encerrou bruscamente quando teve a coluna estilhaçada pelas balas norte-vietnamitas. Retornando aos EUA, após vários meses de tratamento, começou a questionar a guerra. Na Califórnia, passou a liderar movimentos de protesto, que eclodiram durante a convenção republicana em 1972. Em 1976 escreveu "Born on the Fourth of July", sobre o qual Oliver Stone, com sua colaboração, desenvolveu o roteiro deste filme que concorreu em Berlim, valendo premiação de melhor ator a Tom Cruise - candidato favorito agora ao Oscar.
A fotografia é de Robert Richardson e a música do mestre John Williams. Com 8 indicações ao Oscar - filme, direção, ator, roteiro adaptado, fotografia, montagem (David Brenner/Joe Rutshing), trilha sonora, som - é um filme para permanecer várias semanas em cartaz.
A Guerra Familiar
Depois de ser o marido infiel em "Atração Fatal", Michael Douglas é agora Oliver Rose que transforma sua separação de Barbara Rose (Kathleen Turner) numa batalha campal. Longe do escapismo de "Tudo por uma Esmeralda" - que fizeram juntos há 4 anos - e menos canalha e desonesto do que o filme de Adrian Lyne, "The War of the Roses" (cine Astor, desde ontem), é baseado no romance de Arren Adler.
"A Guerra dos Roses" pode, a princípio, parecer contra a instituição do casamento, mas no fundo não deixa de ser mais um filme condicionado ao esquema. Um casal que tem tudo para viver feliz - ele um advogado de sucesso, ela uma mulher bonita e realizada, apreciadora de arte, sofisticados, sentem, após 17 anos de casados que as relações modificaram. Mas aquilo que poderia ser uma separação amigável transforma-se num campo de batalha - com uma destruição literal da casa.
Danny De Vitto, conhecido até agora como ator ("Tudo por uma Esmeralda" e "A Jóia do Nilo", "Laços de Ternura", "Irmãos Gêmeos", etc), pela segunda vez tenta a direção (a primeira foi com "Jogue a Mamãe do Trem", uma sátira ao clássico "Pacto Sinistro/Strangers in the Train", 51, de Alfred Hitchcock), e desta vez embora tenha elementos de humor coloca também elementos mais sérios.
Com música de David Newman, fotografia de Stephen Burun e tendo no elenco a simpática Marinne Sagebrecht ("Café Bagda", "Rosalie Vai às Compras"), "The War of Roses" é um filme de visão obrigatória nesta semana.
De resto, quem não viu, não pode deixar de assistir a três outros filmes em cartaz: o extraordinário "Cinema Paradiso" de Giuseppe Tornatore - candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro (Cinema I); "Campo dos Sonhos", de Phil Alden Robinson e "Sociedade dos Poetas Mortos" de Peter Weir (Bristol), candidatos ao Oscar em várias categorias - inclusive de melhor filme. E ainda "Memórias de um Espião" (Another Country), que merece ser revisto.
LEGENDA FOTO - Danny De Vitto, ator e diretor, e Katherin Turner em "A Guerra dos Roses", em exibição no Astor.
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