Filme sobre cinema foi o melhor de 1985
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de dezembro de 1985
Um filme de amor ao cinema, realizado com a maior sensibilidade por Woody Allen - A Rosa Púrpura do Cairo, produção de 1985 e que poderá, assim, vir a ter indicações ao Oscar em janeiro próximo - foi o melhor filme lançado em Curitiba.
Em termos de público, a consagração foi para Amadeus, a superprodução baseada na peça de Peter Schaeffer, rodada na Checoslováquia e que teve 11 indicações ao Oscar - levando os prêmios de melhor filme, diretor, ator, arte e cenografia, fotografia, figurino, som, roteiro e maquilagem.
Para o levantamento crítico, Amadeus ficou em sétimo lugar. Já Os Gritos do Silêncio ( The Killing Fields), de Roland Jaffe, que teve 7 indicações ao Oscar - premiado como ator coadjuvante (Haing Nger), roteiro, fotografia e montagem. Foi o segundo de seus méritos, não conseguiu pontos suficientes para figurar entre os dez melhores na opinião crítica. "Os Gremlins", comédia produzida por Steve Spielberg, foi o terceiro filme de melhor bilheteria, confirmando assim o toque de Midas de Spielberg - que neste final de 85, teve duas novas produções lançadas - "Os Goonies" (cine Astor) e "De Volta ao Futuro" (cine Condor). A violência de "Rambo II" e o humor sensual de "A Dama de Vermelho", fizeram também estas fitas subirem entre as prediletas do público, que gostou também do humor pastelão das duas partes de "Loucademia de Policia" e da ficção científica violenta de "O Exterminador do Futuro", de John Cameron.
Os Trapalhões, que habitualmente figuravam nos primeiros lugares das melhores bilheterias, conseguiram uma modesta nona classificação com "No Reino da Fantasia". E o melhor filme infantil dos últimos anos - "A História Sem Fim", também foi dos prediletos do público.
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O hermetismo indireto de "Paris Texas", não impediu que este belo filme de Wim Wenders figurasse como um dos melhores do ano. Modesto e sem qualquer promoção maior, "De Veneza Com Amor", direção de Franco Brussati, foi o filme-revelação do ano: presente em quase todas as listas, encantou o público de sensibilidade. "O Baile", um filme-teatro, sem diálogos e num único cenário, mostrou o refinamento de Etorre Scolla e também está entre os melhores do ano, assim como "Carmen", novo filme-ballet de Carlos Saura.
"Asas da Liberdade", de Alan Parker, denso e profundo e "Erêndira", de Rui Guerra - baseado em Garcia Marques - foram também outros belos momentos do cinema em 1985. Em termos políticos, o Brasil deu sua melhor representação : Cabra Marcado para Morrer, o filme que Eduardo Coutinho levou 20 anos para concluir é o grande premiado do I FestRio (novembro/84), acumulando 16 outra premiações nacionais e internacionais nos últimos meses, foi do maior significado ao denunciar um período de arbítrio e intolerância.
Finalmente, "Passagem para Índia", o belo filme de David Lean, que obteve 11 indicações ao Oscar - e premiações de melhor atriz coadjuvante (Peggy Ashcroft) e trilha sonora (Maurice Jarre), ficou como o décimo melhor filme do ano.
Outros ótimos filmes também tiveram suas estréias nas telas de Curitiba neste ano, numa prova de que apesar de tudo o cinea [cinema] ainda é uma arte vigorosa e com grandes criadores. (AM)
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