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Aramis

Curitibano prefere agora a arte do que o erotismo

Quem tem medo da pornografia - em especial do cinema pornográfico - não precisa se assustar: em termos econômicos a exploração do sexo explícito está começando a deixar de ser um bom negócio. Como aconteceu nos Estados Unidos e Europa, em décadas passadas, os filmes pornográficos vêm caindo de público cada vez mais - e mais de cem produções deste gênero exibidas em meia dúzia de cinemas de Curitiba durante 1985 não chegaram a representar nem 30% do faturamento das empresas. Se em anos anteriores vários filmes pornográficos - nacionais ou estrangeiros - ficaram entre as melhores bilheterias, este ano, nem entre os 50 melhores classificados aparece qualquer filme pornográfico. Ao contrário, foi um filme de arte, premiado com 8 Oscars, consagrado pela crítica, o predileto do público: "Amadeus", de Milos Forman, a cinebiografia de Wolfgang Amadeus Mozart, em onze semanas no Cine Palace Itália, faturou Cr$ 910.685.444. Em segundo lugar ficou outro filme de alto nível - "Os Gritos do Silêncio", de Roland Joffe, que em 10 semanas, distribuídos entre os cines Astor e Cinema I, rendeu Cr$ 858.419.067. Em terceiro lugar "Gremlins", a deliciosa fantasia produzida por Steven Spielberg destinada ao público infantil, em 10 semanas rendeu Cr$ 609.091.248. Um filme ingênuo e bonito, na mesma linha, "Os Goonies", um ano depois, no mesmo cinema, há 6 semanas em cartaz, também repete o sucesso - já tendo ultrapassado a casa dos Cr$ 2 milhões em bilheteria. xxx Portanto, o público está se cansando de pornoproduções e preferindo filmes de qualidade, embora, é claro, ainda a violência atraia muito. Entre as maiores bilheterias de 1985 está "Rambo II - A Missão", de Ted Koetcheff - quarta maior renda, em 7 semanas (Cr$ 520.503.310); "O Exterminador do Futuro" (7 semanas, Cr$ 410.899.846, 6ª bilheteria do ano); "Mad Max III - Além da Cúpula do Trovão", (Cr$ 245.989.000, 16ª); "Conan, o Destruidor" (4 semanas, Cr$ 155.306.709). O esquema permanece, aliás, com as bilheterias impressionantes que "Comando Para Matar", em cartaz há 21 dias, no Cine Plaza, vem obtendo: e cujas rendas já se aproximam dos Cr$ 400 milhões, enquanto Conan, em reprise no Lido II, voltou a faturar tão bem que há três semanas está sendo reprisado. xxx Aleixo Zonari, 45 anos, superintendente da Fama Filmes, vê como natural a queda nas bilheterias dos filmes pornográficos. "O que era novidade e proibido há 5 ou 10 anos virou rotina e somente uma faixa de espectadores, mais humilde, busca este tipo de filme", comenta. João Aracheski, 50 anos, 35 de cinematografia e o braço direito de Zonari na Fama Filmes, sorri satisfeito ao comentar o assunto: com sua larga experiência no mercado, ele sabe que o público é "desentocado" da televisão, do comodismo, quando aparecem filmes bons. E as ótimas rendas de filmes de qualidade são uma prova disto. Uma comédia como "A Dama de Vermelho", de Gene Wilder, no ano passado, em 10 semanas, faturou CR$ 518.503.837, ficando em 5º lugar no ranking das melhores bilheterias. Comédias pastelões como "Loucademia de Polícia" também encontraram excelente comunicação: a primeira parte, em 8 semanas, rendeu Cr$ 387.857.492, ficando em 7º lugar. A segunda parte, lançada poucos meses depois, emplacou a 10ª posição, com Cr$ 319.463.340 em 8 semanas. Curiosamente, entre os 30 filmes de maior bilheteria de 1985, somente uma produção nacional: "A Filha dos Trapalhões" (Cr$ 303.258.315 em 5 semanas) ficou em 11º lugar. Como, durante os últimos anos, as produções de Renato Aragão costumavam emplacar as melhores posições nas bilheterias, esta relativa queda não deixa de preocupar. Em compensação, a concorrência de faixa infanto-juvenil foi grande: "Um Tira da Pesada" (Cr$ 262.662.400 em 11 semanas), "Duna" (Cr$ 199.604.680 em 4 semanas), "Coccon" (Cr$ 181.158.000 em 6 semanas); "Purple Rain" (Cr$ 151.071.243 em 5 semanas) e "Ladyhawke - O Feitiço de Áquila" (4 semanas, Cr$ 111.468.600). Uma comédia com tons de erotismo, com censura de 16 anos, repetiu o êxito das fitas anteriores da mesma série: "Porky's Contra-Ataca" (terceira parte), em 5 semanas no Plaza rendeu Cr$ 161.557.020.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
31/01/1986

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