"Platoon", o filme com maior público
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de janeiro de 1988
Ao invés da pornografia, a guerra do Vietnã - devidamente avalizada com três Oscars-87 (melhor filme, direção e montagem): "Platoon", de Oliver Stone, em três meses de exibição foi visto por mais de cem mil pessoas e provou que o marketing da festa do Oscar ainda garante o sucesso do filme.
Se em anos anteriores, os filmes pornográficos encabeçavam as listas das maiores bilheterias, hoje, reduzidos a programas duplos nos cinemas "poeira", o sexo explícito tem reduzido público, provando-se assim que nada melhor do que a liberdade para mostrar o cansaço de um gênero apenas comercial. Os halterofilistas Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone, continuam ainda atraindo público: "O Predador" e "Falcão - Campeão dos Campeões", respectivamente, ficaram em 3o e 7o lugar entre os de maior público. Mas o terror atrai mais: "Alliens, O Resgate", "Poltergeist II", "A Noite do Pesadelo II", "A hora do Lobisomem", "A Hora do Pesadelo", "A Mosca", etc., estão entre as 20 melhores bilheterias.
Não houve nenhum Spielberg autêntico (apenas suas produções) e assim o filme infantil de maior público foi "Labirinto". A série "Loucademia de Polícia" continua faturando bem: a quarta parte ficou em 10o lugar na lista - enquanto "La Bamba", em cartaz desde outubro, cruza o ano aproximando-se dos 50 mil espectadores. "Os Intocáveis" agradou crítica e público (volta agora em cartaz no Lido II), enquanto que "O Nome da Rosa" teve a mais longa permanência num só cinema: dez semanas no Palace Itália com um público de 50.359 espectadores.
A ficção científica e a violência fizeram de "Robocop - O Policial do Futuro" um duplo sucesso, enquanto Os Trapalhões ainda tem seu público: embora a adaptação de "O Auto da Compadecida" (com direção de Roberto Farias) tenha tido resultado menor do que se esperava (em Curitiba, visto por 40.194 espectadores em 9 semanas), neste final de ano, a turma de Aragão voltou arrasante: "Os Fantasmas Trapalhões" já foi visto por quase 30 mil espectadores e entra em 1988 como o grande campeão - dividindo o público com "Um Hóspede do Barulho", produção de Spielberg - mas sem maior elam. Ainda bem que Os Trapalhões faturam para o cinema brasileiro: fora eles - e a reprise do velho Mazzaropi ("Um Caipira em Bariloche", 5 semanas no São João, visto por 40.858 espectadores), nenhum outro filme do cinema brasileiro conseguiu maior destaque de público. "Eu", de Walter Hugo Khouri, foi o que mais se aproximou do sucesso, com 10 mil espectadores.
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