Pela 22ª vez, os melhores filmes do ano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de janeiro de 1988
Pela 22ª vez, "O Estado do Paraná" publica uma retrospectiva cultural do ano através de levantamentos nas áreas de cinema, música, teatro, artes plásticas e vídeo. Desde 1965, quando da reformulação editorial e gráfica de "O Estado", promovida pelo editor Mussa José Assis, passamos a coordenar um referendum anual dos destaques na área cultural. Inicialmente apenas a listagem dos 10 melhores filmes e, a partir de 1968, também com páginas especiais para música popular. Crescendo, depois, para o teatro, artes plásticas especiais e, agora, dentro de uma nova realidade informativa, também abrindo para o crescente vídeo - que com cerca de mil lançamentos de títulos legendados, anualmente, oferece amplas condições para a seleção dos 10 melhores. Um campo amplo, e que tende ganhar cada vez maior destaque.
Na área de cinema, ao longo destes 22 anos, mais de 100 pessoas já contribuíram com suas indicações - entre críticos, pesquisadores, jornalistas, cinéfilos e simples espectadores, cada um refletindo em sua listagem a opinião própria do que viu de mais interessante entre os filmes lançados a cada ano. A partir de 1980, nosso referendum passou a contar também com as opiniões de críticos e estudiosos de cinema de outras cidades, incluindo profissionais de publicações de alcance nacional. De Manaus, com a relação de Joaquim Murtinho, crítico de cinema e pornografia, exibidor; de Porto Alegre, com a listagem de Marco Papeleo, procuramos estender a nossa consulta, que, se saúde existir, prosseguirá até termos a felicidade de aqui reunir opiniões de representantes da crítica de todos os Estados. Com isto, obviamente, há filmes citados que ainda não foram exibidos em Curitiba (marcados com asterisco "mais"), mas no cômputo geral, cremos, a abertura que sempre buscamos neste referendum possibilita aos leitores uma visão bem ampla do que se viu no Brasil. A grande finalidade das listagens dos 10 melhores filmes é, justamente, mostrar a diversificação na opinião de cada um, entre as pessoas que curtem e amam o cinema. Assim, desde veteranos cinéfilos e críticos como o pesquisador Michel do Espírito Santo, do Rio de Janeiro ou o curitibano Francisco Bettega Neto, 56 anos, atualmente na direção do Museu da Imagem e do Som (voltando a participar do referendum após uma ausência de 15 anos), até as opiniões dos mais jovens - o crítico Marco Antônio Assef, 21 anos (quando nasceu, já publicávamos a segunda listagem), que vem escrevendo há alguns meses a coluna "Tribunascope" ("Tribuna do Paraná", segundas-feiras) ou o estudante e cinéfilo Francisco Eugênio, 15 anos - temos vários segmentos de opiniões.
Esta é a razão pela qual, independente da soma das listas - pelo sistema de pontos (10 para o primeiro classificado, 9 para o segundo, etc.), fazemos questão também de editar as listas individuais.
"O Estado do Paraná" é o único veículo da imprensa brasileira que se preocupa, há 20 anos, no levantamento da opinião do público. E nada melhor do que os borderaux, indicativos dos filmes que tiveram a preferência. As rendas não são mais significativas, pois com a inflação a 400% que fez o ingresso subir de Cz$ 20,00 (janeiro/87) para Cz$ 100,00 (dezembro/87), os filmes tiveram bilheterias reduzidas - mas apesar disto a força dos Oscars - fez com que "Platoon" (melhor filme, montagem e direção), e "Alliens, O Resgate" (melhores efeitos visuais, melhor som, tivessem ótimo público. "Platoon", aliás, foi campeão absoluto - com 106.185 espectadores em 12 semanas e classificando-se ainda em oitavo lugar entre os filmes apontados pela crítica. Também "Alliens, O Resgate" (melhores efeitos especiais, melhor som), "Filhos do Silêncio" (Marlee Matlin, melhor atriz) e "A Mosca" (melhor maquiagem), premiado com o Oscar-87, estiveram entre as 20 maiores bilheterias do ano.
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