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Aramis

Filmes de censura livre para as férias de julho

Aproximam-se as férias de julho e começam os lançamentos específicos para a garotada. Assim saem de cartaz os filmes violentos e proibidos e entram os de censura livre, já que é necessário oferecer às crianças opções. Nesta semana temos a estréia de "Os Trapalhões no Auto da Compadecida" (São João/ Lido I), "Uma Tremenda Confusão" (Astor), "Pânico em Kilimanjaro" (Plaza) e a segunda parte de "A Hora do Pesadelo/ A Vingança de Freddy" (Palace Itália) e a reprise de "Branca de Neve e os Sete Anões", comemorando os 50 anos da realização deste pioneiro desenho em longa-metragem. Há também outras boas reprises - como "Ginger e Fred", de Fellini, (Luz) e "O Homem de Mármore", de Andrez Wajda (infelizmente só em sessões alternativas no Groff), além de um festival de filmes inéditos poloneses. COMPADECIDA REVISITADA Em novembro do ano passado, no coquetel de encerramento do II Festival Internacional de Cinema, Vídeo e TV do Rio de Janeiro, no Hotel Nacional, Roberto Farias, 55 anos, nos falava com entusiasmo de dois projetos: a refilmagem de "O Auto da Compadecida" com os Trapalhões e uma nova comédia com Roberto Carlos, com quem fez entre 1968/72, três filmes de sucesso. "Os Trapalhões no Auto da Compadecida" já está pronto - e sendo lançado nacionalmente nesta semana - enquanto que o filme com Roberto Carlos vai depender da disponibilidade de datas do "Rei". Há 23 anos, Jorge Jonas, húngaro de nascimento e que trouxe para o Brasil o primeiro laboratório de filmes a cores, realizava uma admirável transposição à tela da peça de Ariano Suassuna. "O Auto da Compadecida" representou - e muito bem - o Brasil no I Festival Internacional do Filme e permanece até hoje como uma dos melhores filmes dos anos 60. Agora, Roberto Farias, cineasta sério e talentoso, em colaboração com os Trapalhões, revisita o auto nordestino de Ariano Suassuna, em tratamento diferente. Farias, aliás, sempre viu a troupe de Renato Aragão como intérpretes ideias para um auto nordestino e assim não teve dúvidas em trabalhar na adaptação para o espírito de Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias da bela história de João Grilo e seu encontro com a nossa Senhora. Entre o real e o fantástico, cangaceiros e gente do povo, os Trapalhões parece que evoluem em termos qualitativos neste filme realizado por um cineasta da competência de Roberto Farias. Como recursos não faltam nas produções de Aragão, o elenco de suporte tem gente do prestígio de Raul Cortez (como "Major" e "Encourado"), ao lado de Claudia Jimenez, Emmanoel Cavalcanti, José Dummont, Luis Arnaldo Queiroz entre outros. A fotografia é de Walter Carvalho. A COMÉDIA DE BLACK Difícil entender porque a Colúmbia Pictures ainda não lançou "Assim é a Vida" ("That's Life"), excelente comédia de comportamento de Black Edwards, que representando os EUA no II FestRio, quase valeu premiações a Jack Lemmon e Julie Christie. Um filme excelente, para várias leituras e que tem tudo para agradar. Enquanto "That's Life" não chega às telas, a mesma Colúmbia lança uma comédia menor de Black Edwards ("S.O.B.", "Mulher Nota 19", "Victor ou Vitória"): "Uma Tremenda Confusão". Meio na linha pastelão - mas sem a genialidade de "Um Convidado Bem Trapalhão" ("The Party", 1968), este "A Fine Mess" traz gente desconhecida no elenco: Ted Danson, Howie Mandel, Richard Mulligan, Stuart Margolin e Maria Conchita Alonso. Uma filha de Black, Jennifer - que também atua em "Assim é a Vida" tem papel de destaque, ao lado de Paul Sorvino. Como na maioria dos filmes de Black Edwards, a trilha sonora é de Henry Mancini - e já foi lançada em disco pela Motown/ RCA). ESTRÉIAS MENORES Duas estréias menores (e inesperadas). No Plaza, "Pânico em Kilimanjaro", de Raju Patel - com Michele Kaly e Kalvim Junk - tão desconhecidos quanto o realizador. Aventuras e terror na África, quando macacos ameaçam os brancos. A outra (repentina) estréia é "Pesadelo 2 - A Vingança de Freddy" ("A Nightmare On Elm Street - 2 - Freddy's Revenge"), de Jack Sholder. O sucesso de "A Hora do Pesadelo" motivou duas continuações, a segunda das quais é esta estrelada por Mark Patton, Kim Myers e Robert Rusler - ilustres desconhecidos. No primeiro filme da série reaparecia John Saxon. Agora é a esquecida Hope Lange que retorna. No cine Palace-Itália, substituindo "O Nome da Rosa" - agora só em projeção no cine Itália. FESTIVAL POLACO Pela segunda vez o Consulado da Polônia traz uma mostra de filmes poloneses, inéditos (Groff, sessões às 14, 17 e 20 horas). Hoje, será exibido "Sexmission" ("Sekemisja"), também de 1983, de Julius Machulski. A sinopse resume o filme como "humor e fantasia numa história de jovens que foram submetidos à hibernação e acordam num mundo onde existem apenas mulheres." É o segundo longa-metragem de Machulski. Amanhã, um filme que ganhou referências positivas em alguns festivais: "O Curandeiro" (Znachor), 81, de Jerzy Hoffman. A crise de um médico alcoólatra que sofre de amnésia e se transforma num curandeiro. No domingo, "Contas de um Rosário" (Pacioroki Jednego Roanca), 1980, de Kazimeirz Kutz. Conflitos entre jovens e velhos numa "parábola melancólica sobre os avanços do progresso". Na segunda-feira, 28, "Olimpíada 40", de Andzej Kotcwzcki - com ação ambientada num campo de concentração onde se realizam competições esportivas. Finalmente, dia 30, "O Fim da Civilização" (O-bi-Oba- Koniec Gywillizacji), 84, de Piotr Szulkin. Uma ficção científica com muito simbolismo. Todos os filmes têm legendas em espanhol e não terão lançamento comercial no Brasil. Portanto, única chance de conhecer estas novas realizações de cineastas poloneses. Outras Opções - "Ginger e Fred", de Felini - lírico, envolvente, magnífico - volta em exibição no Luz, para quem ainda não conhece esta nova jóia do mais poético cineasta do mundo. "Vera", de Sérgio Toledo - com Ana Bratriz Nogueira, Raul Cortez, AIda Leiner e Carlos Kroeber se mantém em cartaz no Ritz. Um filme adulto, seguro - premiado no Festival do Cinema Brasileiro de Brasília, e que, em Berlim, valeu a Ana Beatriz Nogueira o prêmio de melhor atriz. Merece ser visto! Outro bom filme que ficará até quarta-feira em exibição é "Jornada na Estrela IV - A Volta a Terra", de Leonard Nimoy. Possivelmente será substituído no Condor por "Fievel, Um Conto Americano" (An American Tail), de Don Bluth - desenho animado produzido por Steven Spielberg. A UIP, despedindo-se da representação dos estúdios Walt Disney (associados a Warner, a a partir do final do ano), está também relançando com grande campanha promocional, "Branca de Neve e os Sete Anões" ("Snow White and the 7 Dwarfts") primeiro desenho em longa-metragem realizado há 50 anos por Walt Disney, (1901-1966) - e que, meio século depois, se mantém como uma atração para as ciranças de todas as idades. Realmente, este desenho - que no Brasil, ao ser lançado, em 1940 teve suas canções adaptadas por João de Barro Alberto Ribeiro (1917-1972) e - como Branca de Neve - e Carlos Galhardo como Príncipe, tem o encanto dos clássicos da infância. A questão é saber até onde encantará as crianças de uma era informática, pré-século XXI, com sua ingenuidade e pureza? LEGENDA FOTO 1 - "Os Trapalhões no Auto da Compadecida": para consumo da garotada. LEGENDA FOTO 2 - "Sexmission" (Sekmisja), hoje no Groff.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
14
26/06/1987

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