"Bric à Brac", a grande revista das vanguardas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de julho de 1991
Enquanto Miran faz de sua Gráfica uma publicação de dimensão internacional, em Brasília, um grupo de poetas e jornalistas esforça-se há seis anos na produção de uma revista igualmente exemplar em termos de qualidade: "Bric à Brac". Nascida em 1985, destinada a reunir a produção de vanguarda do país (o curitibano Paulo Leminski foi um dos primeiros convocados), esta publicação sofreu interrupções por dois anos e só em dezembro último circulou a quinta edição - que mereceu ampla repercussão, tendo seus 3 mil exemplares esgotados nos poucos pontos de venda no Distrito Federal, Rio e são Paulo.
Luis Turiba, jornalista e poeta com passagem por importantes redações, este ano deixou os empregos regulares para se dedicar apenas a revista, que deve adquirir regularidade [trimestral]. Nos próximos dias sairá o número seis - trazendo como atrações especiais poesias de Che Guevara e uma profunda entrevista de Caetano Veloso - e para o final do ano, o projeto é uma edição ecológica, com papel reciclado - num projeto que pode até envolver Curitiba se o prefeito Jaime Lerner (que antigamente gostava de poesia) se mostrar sensível a uma proposta que receberá nos próximos dias. Editada por Turiba. Luis Eduardo Resende e Lucia Miranda Leão, "Bric à Brac" é daquelas revistas cult, destinadas a ficar na história da literatura pela importância dos textos, poemas e entrevistas que abriga. O número 5 que ainda é possível solicitar pelo reembolso postal à livraria Presença (SDS BI./lojas 11/15, edifício cine Atlântida, Brasília), cujo proprietário é exemplo de livreiro-culto, um dos esteios de Turiba para a continuidade do projeto Bric à Brac - passou a ter maior prestigiamento publicitário.
Neste número, entre dezenas de textos e poemas (inclusive um caderno sobre vanguardistas russos) uma fundamental entrevista com Paulinho da Viola, fazendo uma das mais profundas análises da MPB.
LEGENDA FOTO: "Bric à Brac", revista cultural de Brasília: cinco edições em seis anos.
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