Pixinguinha, nunca mais! (Curitiba ficou de fora)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de maio de 1989
Triste, mas verdadeiro: o Projeto Pixinguinha não virá a Curitiba. Após quatro dias de conversações e espera de uma definição, o coordenador geral do projeto, Paulo César Rezende, viajou na sexta-feira passada para Cascavel, ali estudando a possibilidade de se formar um eixo Foz-Cascavel, viabilizando a passagem de seis elencos musicais por aquelas cidades do Sudoeste.
Curitiba fica fora por duas razões: indefinição na questão da participação financeira - ao redor de NCz$ 40 mil - e, especialmente, pela falta de datas no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Infelizmente, a programação do Teatro Guaíra está comprometida até o final do ano. O Projeto Pixinguinha ocuparia apenas o horário das 18 às 20 horas, de sexta-feira a sábado, durante seis semanas. Entretanto, há reservas de datas especialmente na época em que o evento da FUNARTE aconteceria - a partir de setembro.
Mesmo sendo espetáculos sem cenários, utilizando equipamento de som facilmente removíveis do palco - e acabando os shows antes do início dos espetáculos da noite, não houve condições de uma negociação entre os que solicitaram a data e a coordenação do Pixinguinha, para a utilização do mesmo espaço. Os outros auditórios da cidade são reduzidos demais para justificar a inclusão de Curitiba numa promoção que tem justamente na democratização dos ingressos e popularização dos espetáculos a sua filosofia.
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Temos, assim, que nos contentar com a redução do Projeto Pixinguinha. Como o Projeto Esquina, que vem sendo realizado no Teatro do SESC (Rua Visconde do Rio Branco / Fernando Moreira), com bons nomes - mas restritos a uma única apresentação e para um público inferior a 350 espectadores, devido a pequena capacidade da sala. Nesta quarta-feira, quem ali se apresenta é Marcos Rezende, 40 anos, um dos músicos brasileiros que vem fazendo sólida carreira internacional. Tanto é que a sua apresentação será uma das últimas neste semestre, pois dia 2 inicia excursão por Paris, prosseguindo pela Holanda, Suíça, Grécia, Espanha e Portugal.
No dia 24 de julho, de retorno ao Brasil, Marcos começa um novo ciclo de espetáculos, desta vez para promover seu novo disco, "Nonchalance", álbum duplo, produção independente distribuída pela CBS, no qual reuniu 24 dos melhores instrumentistas brasileiros. Simultaneamente, deve sair no Brasil outro de seus discos, "Abrolhos", gravado em Paris, no ano passado, quando ali fez a trilha sonora para um documentário para o arquipélago de Abrolhos.
Capixaba de Cachoeira do Itapemirim (mais um artista da pequena mas famosa cidadezinha do Espírito Santos, terra natal de Nara Leão, Rubem Braga, Roberto Carlos, Carlos Imperial e tantos outros), Marcos viveu mais de 15 anos na Europa. Primeiro em Portugal - onde foi estudar medicina (abandonou o curso no 2º ano) e fundou um excelente trio jazzístico) e, entre 1970/75, na França. Eclético, com diversas formações, já fez cinco elepês solos e participou de mais de 30 outros. Em seu espetáculo, basicamente acústico, estará apresentando-se com três Paulinhos - "minhas Pauletes", brinca: o Braga na bateria; o Russo no baixo, e no trompete Paulo Roberto de Oliveira. Um espetáculo para não se perder.
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