Livro sobre Cassino Ahú finalmente será editado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de agosto de 1990
Finalmente, a decisão foi favorável: o conselho editorial da Secretaria da Cultura aprovou a edição do livro do professor e pesquisador Alceu Schwaab sobre o Cassino Ahú e a sua importância no roteiro dos artistas de nossa MPB que passaram por Curitiba nos anos dourados em que aquele estabelecimento funcionou. Desde quando o incansável Schwaab começou a trabalhar neste projeto, com a calma e segurança que caracteriza tudo que desenvolve, temos acompanhado seu rigor de pesquisador, sua preocupação em oferecer informações confiáveis. Durante mais de dois anos, nas amarelecidas coleções da "Gazeta do Povo", principal fonte de consultas, Schwaab levantou dia após dia, os nomes dos artistas que, contratados pelos donos do Cassino Ahú, ali faziam seus shows. Uma obra, com certeza, importantíssima em termos de referência musical, acrescida de algumas pesquisas paralelas e que mesmo sem a pretensão de esgotar o rico tema que representou a época dos cassinos (e nem foi esta a intenção do autor), representa uma valiosa contribuição. Sua inclusão na coleção "Textos Sempre", que deve merecer um tratamento editorial cuidadoso, com ilustrações da época, representará uma grande valorização no programa editorial da Secretaria da Cultura - sobre cuja programação voltaremos a falar nos próximos dias.
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Enquanto no Paraná o professor Alceu Schwaab, no vigor de seus 65 anos, é um dos raros pesquisadores de nossa música (sua próxima meta é escrever um livro sobre a Banda de Música da Polícia Militar do Paraná), em Recife, Leonardo Dantas Silva continua a fazer um trabalho admirável. Após atuar por anos na Secretaria da Cultura de Pernambuco, Leonardo revitalizou a editora Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco. Graças ao seu entusiasmo, criatividade e visão da cultura brasileira, promoveu a edição de dezenas de títulos da maior importância, reeditando outros e mesmo agilizando na venda, inclusive pelo reembolso postal, de discos com vozes de poetas pernambucanos e livros que se encontravam estocados, a preços quase simbólicos.
Agora, Leonardo conseguiu colocar novamente nas livrarias a básica "O Folclore no Carnaval do Recife", de Katarina Real, uma norte-americana que conhecendo Recife em fins de 1960 entusiasmou-se tanto com a riqueza de sua música, seu folclore e seu Carnaval que abandonou o projeto inicial que a havia motivado a vir ao Brasil, com uma bolsa da Organização dos Estados Americanos: escrever um livro sobre o folclore no Carnaval da Bahia.
Na época, Miguel Arraes era prefeito de Recife e um de seus assessores, Aluizio Falcão (mais tarde publicitário em São Paulo, o grande responsável pelo melhor do que Marcos Pereira, e, posteriormente, Estúdio Eldorado, editaram em termos de cultura popular e hoje dono da Idéia Musical), foi uma das pessoas que mais auxiliou a americana Katarina em suas pesquisas. A primeira edição do livro foi publicada pela então atuante Campania Nacional do Folclore Brasileiro, dirigida por Renato Almeida, mas numa apresentação modesta e que logo se esgotou. Agora, passados vinte anos, o livro retorna com 260 páginas, fotos coloridas, desenvolvendo em 16 capítulos (e um resumo em inglês, no final), uma visão ampla, profunda, da cultura popular em Recife - pesquisada e escrita pelos olhos de uma americana que, pelo entusiasmo que mostra ao Brasil, fez um trabalho com tanto (ou até mais) amor, do que se tivesse nascido em Pernambuco. Como os livros da Massangana nem sempre são encontrados em Curitiba (e também nas raras livrarias do Interior), os interessados poderão solicitá-los pelo reembolso postal - escrevendo para Rua Dois Irmãos, 15, Apipucos, Recife, CEP 52071.
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