Livros-amostras e o <<nothing book>>
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de outubro de 1983
Inovar graficamente é uma alternativa para os poetas que não dispõem de grana para publicar seus livros. O paulista Ulisses Tavares, de São Paulo, no ano passado, fez uma tiragem no formato 8 x 5cm como << amostra grátis >> de seu livro << Espírito de Corpo >> - oferecendo-o como um bônus no valor de Cr$ 50,00 para quem se dispusesse a comprar o volume original.
Agora, outro paulista - Hélio Leite, de Campinas -, adota o formato 10x15 com, numa também amostragem de seu livro de poemas intitulados << Despedida de Solteira >>, com tiragem de << 500 exemplares não comprovados >>, edição da Piratã/Raibã (caixa postal 3597, CEP 01051, São Paulo). A editora também adotou o mesmo formato para anunciar o novo livro da já conhecida Renata Pallottini: << Amigas (Esse Triunfo >>).
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Em matéria de inovação editorais, eis um fato que merece destaque especial: depois de vender um milhão de exemplares na Europa e, nos últimos dois meses, mais quinhentos mil nos EUA, o famoso << The Nothing Book >> está sendo lançado agora no Brasil. Criada pela Publications Elysées e agora distribuída no Brasil pela Brainware, o livro é inteiramente em branco. Aydano Roriz, da Brainware, explica que << The Nothing Book >> é apenas uma idéia criativa. Em sua capa, lê-se: << Para escritores, jornalistas, poetas, noivas, atores, fazendeiros... >>
São Mais de cem páginas em branco, onde o editor diz que<< ... você pode escrever seu próprio romance, novela, suas poesias, o roteiro daquele filme que tem na cabeça >>>
Brincadeiras a parte, dois livros de autores conhecidos: José Louzeiro, jornalista, romancista e roteirista, em << Acusado de Homicídio >> (Record, 138 páginas, Cr$ 1.490,00) conta uma estória de muita empatia com quem vive o dia-a-dia de um jornal. Em seus 15 capítulos, Louzeiro narra a estória de um repórter que vive de escrever - não sobre o que gosta mas sobre o que lhe mandam porque é o povo que exige. Em torno do repórter Marcelino os elementos que compõe o seu romance: um gato, seu amigo; a insensível proprietária do quarto miserável em que ele se aloja; a esquália ninfeta, filha da senhoria; a secretária do jornal; um policial corrupto e cheio de truques e manhas.
José Louzeiro, repórter policial durante anos, teve do crítico Salvyano Cavalcanti de Paiva, um definitivo elogio a este seu novo livro: << Sem o impacto alcançado por Lúcio Flávio, este é, sem dúvida, o melhor romance do auto de << A Infância dos Mortos >>.
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Luiz Vilela, escritor mineiro que foi revelado num dos concursos nacionais de contos, que a Fundepar promovia no governo Paulo Pimentel, com novo romance: << Entre Amigos >>, edição da Ática, capa de Jayme Leão. Mais conhecido por seus livros de contos - << Tremor de Terra >> (1967, já em 8.ª edição), << No Bar >> , << Tarde da Noite >> (3 edições), << O Fim de Tudo >> (1973) e << Lindas Pernas >> (1979), Vilela tem também sido bem sucedido em seus romances: depois de << Os Novos >> e << O Inferno é Aqui Mesmo >>, neste << Entre Amigos >> ele mergulha num universo muito pessoal, brasileiro - e por tanto de grande sensibilidade.
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