A morte do Circo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de janeiro de 1970
Num terreno baldio no bairro do Portão o que resta do esfôrço de uma vida de uma pessoa inesquecível para milhares de curitibanos, está abandonado, apodrecendo: da lona do outrora majestoso Circo Irmãos Queirolo quase nada mais resta, os bancos e armações estão sendo estragados pelos chuvas. Por que" Com a morte de Otelo Queirolo, o inesquecível Chic Chic, muito se falou e implorou, praticamente, para que com êle não fosse também sepultado o Circo que tantas alegrias trouxe a várias gerações de paranaenses. Mas as promessas ficaram no ar, a família de artista não conseguiu os recursos para comprar o nôvo toldo - o velho há muito já estava inutilizado - e Servio, Julião e Lafayette Queirolo funcionários do Departamento de Estradas e Rodagem e fazendo apresentações na televisão ou ocasionais atuações no Teatro de Comédia do Paraná, não se animaram a manter vivo a tradição circense. Miguel Santos, 46 anos, desde 1940 ligado [à] família e ao Circo, hoje chefe do Laboratório Geológico do DER, acha, entretanto, que nem tôdas as esperanças estão perdidas.. "Há, diz Miguel, uma "acomodação de Sergio, Julião e Lafayette, mas eles não perderam o amor pelo circo. O que falta são condições!" E para conseguir as "condições", Miguel tem um plano: encontrar 10 mil pessoas dispostas a pagar NCr$ 5,00 por mês, com direito de assistir 10 espetáculos, e formar o "Clube do Circo Queirollo". Com os NCr$ 20 mil arrecadados nos primeiros 60 dias seria construído um pavilhão de zinco, desmontável e portátil, que percorreria os bairros da cidade. Ali seria apresentados "shows", revistas e peças, com vários grupos. "É lógico que não podemos mais ficar restritos aos espetáculos da família Queirolo. Precisamos apresentar espetáculos diferentes pois então haverá um público permanente" diz Miguel, confiante nas possibilidades do ressurgimento do nome Queirolo no setor de [entretenimento], capaz de dar [às] crianças de tôdas as idades dos 70 a mesma alegria que o velho palhaço Chic Chic e sua cadela (de pano) Violeta, deram aos curitibanos nas décadas de 30 a 60.
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