Mundo Musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de julho de 1976
Possivelmente o Santa Mônica Clube de Campo não poderá apresentar na noite de 14 de agosto a atração que está anunciando com insistência: a cantora Leny Andrade, uma das mais personalíssimas vozes do meio musical brasileiro, está deixando, momentaneamente, sua carreira, proferindo, por graves razões pessoais, um recolhimento monástico. Tanto é que deixou também de aceitar outro tentador convite: ser a crooner de um grupo instrumental liderado pelo pianista Laércio de Freitas, que provavelmente acompanhará Maurício Einhorn, o melhor executante de harmônica no Brasil, a uma excursão por 10 países europeus. Neste grupo, como vocalista, irá o excelente cantor Emílio Santiago, que no dia 1º de maio último dividiu com Nara Leão um show no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto.
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Maurício Einhorn, 40 anos, mais de 30 de harmônica, é autor de um dos maiores sucessos da carreira de Leny Andrade - "Estamos Aí" (parceria com Durval Ferreira / Regina Werneck), e como instrumentista, já participou de mais de 500 sessões de gravações. Entretanto, até hoje não teve a merecida oportunidade de fazer um elepe solo, o que poderá ocorrer agora, com seu lançamento no mercado europeu. O mesmo empresário do violonista Sebastião Tapajós (agora em férias, com a família, no Amazonas), com ligações na Europa e Estados Unidos, está entusiasmado com o talento de Einhorn e, pessoalmente acertou um roteiro inicial de 10 apresentações na Europa, findo ao qual fará também um elepe solo - oportunidade sempre negada pelas gravadoras brasileiras.
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No ano passado, Maurício acompanhou o grupo de saxofonista Victor Assis Brasil por alguns meses. Fez também os solos de um bonito elepe na Philips ("The Oscar Winners", julho/75), com as canções premiadas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Mas seu nome ficou tão obscurecido, que o disco é anunciado nas rádios apenas como "The Winners" e pouca gente sabe que foi gravado por músicos brasileiros.
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Falando em música, eis uma boa notícia, em primeira mão nacional: nesta semana, o advogado João Carlos Muller, há um mês o segundo homem em comando na Odeon no Brasil e o ativo secretário-executivo da Associação brasileira da Indústria Fonográfica, acertará com o maestro Marlos Nobre, diretor do recém-criado Instituto Nacional da Música, as bases do projeto de edição de uma centena de elepes do melhor que existe na música erudita e popular nacional. Será um projeto de fortalecimento a indústria fonográfica nacional, sem despesas ao INM, mas orientada em critérios culturais, possibilitando que sejam lançados autores e intérpretes que, até hoje, mercantilismo que orienta as regras do jogo no disco do sucesso, tenham permanecido marginalizados. Ao lado da música erudita, praticamente inexistentes no catálogo brasileiro, em termos de autores brasileiros, também nomes de valor da MPB, mas sem resposta comercial, serão beneficiados com o projeto.
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Os discos sairão avulsamente, pelas diferentes gravadoras, mas dentro de uma [seqüência] lógica e com amplos dados culturais. Para o que, Marlos conta com apoio de uma equipe de primeiro time: Maurício Quadrio, Ary Vasconcelos, Fernando Lobo e o musicólogo e pesquisador Flávio Silva.
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