Museu Guido Viaro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de janeiro de 1980
Das diversas unidades da Fundação Cultural de Curitiba - hoje um dos setores onerosos e problemáticos do município, uma das que melhor atuam, sem criar atritos, muito pelo contrário, contribuindo para que a imagem da instituição tenha alguma projeção, é o Museu Guido Viaro, desde que sua direção foi entregue a um dos mais estimados e bem relacionados artistas plásticos do Paraná, Vicente Jair Mendes. Uma prova do muito que Jair Mendes conseguiu realizar no Museu, em 1979 - mesmo não tendo, muitas vezes, todo apoiamento que merece - está no relatório que saiu agora. Quase 50 mil pessoas passaram pelo Museu no passado ou seja, exatamente, 49.072. Dentro do Projeto "Dr. Eureka", uma das muitas boas idéias de Jair, foram 1.884; 12.672 foram visitas às amostras de 6.335 menores de 18 anos que ali foram conhecer um pouco de nossas artes plásticas. A média de freqência, considernado os 103 dias em que esteve fechado 853 segundas-feiras; 32 praa montagem de exposições, 8 feriados e 10 para reforma) foi de 187.
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Inaugurado a 13 de dezembro de 1979, o Clube de Xadrez Erbo Stenzel - primeira homenagem que se presta ao escultor do homem e mulher nus, símbolos da Praça 19 de Dezembro - apresentou em menos de um mês, a freqüência de 315 jovens. Agora, nas férias, o clube vem funcionando com grande intensidade, com aulas ministradas todas às tardes.
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O Museu Guido Viaro, encontra-se instalado num prédio que pertencia à Aeronáutica e que seria demolido inteiramente, quando da abertura da Estrutural Sul. Na época, um assessor do prefeito Jaime Lerner, lembrou que seria um desperdício destruir um edifício, quando apenas parte dele seria atingida pela construção daquela via rápida. Apesar das opiniões contrárias de alguns tecnocratas, que desejavam mesmo ver o prédio vir abaixo, o bom senso prevaleceu e com um pequeno investimento aproveitou-se o espaço para o museu, homenageando o grande pintor nascido na Itália, mas curitibano de adoção, falecido em 1971. A generosidade e espírito comunitário de seu único filho e herdeiro, o advogado Constantino Viaro, em depositar, no regime de comodato, o esplêndido acervo que o pintor deixou, permitiu qye o Museu fosse instalado sem maiores despesas. Aliás, Constantino Viaro é, dentro da Fundação Cultural, a cuja direção administrativa voltou em março de 1979, após ali ter passado 4 anos e sido o grande cérebro por sua implantação, um ponto de equilíbrio bom senso, desfrutando também de um relacionamento na área das artes plásticas, que poucos outros executivos do setor cultural possuem.
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Neste mês de férias, Jair Mendes organizou uma nova mostra didática sobre Guido Viaro e sua época. Além do acervo do museu, estão na mostra ammpla e diversificada documentação. Por exemplo, o certificado de naturalização de Guido, um dos documentos expostos, tem a assinatura do ex-presidente Getúlio Vargas e do ex-ministro da Justiça, Francisco Campos. Importante também diversos manuscritos onde Viaro expõe seus conceitos sobre arte, salões, e arte para crianças - ele que foi um dos pioneiros no Paraná na criação das escolinhas de arte para infância.
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Em 1979, o Museu Guido Viaro realizou 16 exposições. Para 1980, a meta é duplicar este número. Afinal, com gente competente, não é necessário desperdiçar milhões para se obter bons resultados.
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