Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de janeiro de 1974
Quando Ramalho Neto era um ativo produtor da RCA Victor, há 12 anos, lançando periodicamente novos artistas, acreditou num moço de bonita voz chamado Wilson Miranda. Com um bom esquema promocional, Miranda chegou a fazer alguns razoáveis lps de boa música popular, num dos quais gravou um inteligente pot-pourri em torno das músicas que tem a rosa como tema. O tempo passou, Wilson Miranda acabou esquecido e seu nome passou a figurar apenas como produtor de discos de outros artistas. Agora, com a Continental procurando ampliar o seu elenco nacional e dando chances a cantores que há tempos andam esquecidos, decidiu contratar Wilson Miranda, que andou trabalhando como diretor musical de alguns filmes inexpressivos ("Independência ou Morte", "Pais Quadrados, Filhos Avançados" etc.). Assim é que após gravar um compacto com a música "Depois"; ele fez um lp onde infelizmente desperdiça a oportunidade de um retorno auspicioso. Isto porque Wilson Miranda, como produtor de alguma experiência, deveria saber que não adianta querer conquistar públicos diferentes, e assim gravando mediocridades como "O Homem de Nazareth" (Cláudio Fontana) ao lado de clássicos da MPB como "Risque" (Ary Barroso) e passando de versões - "Infinito", "Te Amo Eternamente" (Paul Anka) - ao lado de sambões curiosos de Benito de Paula ("Retalhos de Cetim") e "Mamão Tristeza Pé no Chão") ele não agrada a ninguém: nem aos idiotas que aceitam as versões e as "canções" de Fontana, nem o público que aprecia a boa MPB. Um retorno inexpressivo e desnecessário este de Wilson Miranda. Melhor faria se continuasse apenas como produtor. E olhe lá!
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