[Música] jovem (e séria)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de janeiro de 1970
Numa lúcida declaração de voto - que acompanhará sua relação dos melhores da música nacional e internacional em 1969 para a página especial de O ESTADO que estamos organizando - o advogado Eduardo Rocha Virmond, um dos paranaenses de maior cultura musical que conhecemos, acentua que "quem não sente a música popular "está por fora", entenderam? E o músico, pior ainda. Quem não se aquece com o Patropi pode pedir aposentadoria. Quem não sente um "tumulto" por dentro como o Come Together" é porque não viu nada e pode tirar os cavalinhos da chuva". E quem faz esta defesa da [música] jovem é um sério homem de 40 anos, que em inteligentes artigos no "Diário do Paraná" está fazendo uma profunda análise dos concertos do V Festival Internacional de [Música] , que ora se realiza em Curitiba. E lembramos as suas palavras para dizer que não se pode mais desprezar a [música] jovem dentro do contexto cultural. É lógico que como em tudo na vida é preciso selecionar o joio do trigo e para um conjunto como Os Beatles existem 100 medíocres grupos de cabeludos . Mas para quem está disposto, sem preconceitos e com boa vontade, a ouvir o que a rapaziada faz de nôvo neste setor, recomendamos ouvir três lps incluídos pela Companhia Brasileira de Discos em seu último suplemento.
GITARZAN - RAY STEVENS - Imitações, trocadilhos, piadas, num descontraimento todo, caracterizam o álgum dêste jovem artista, cujo [álbum] da Monument aparece agora no Brasil. É um disco que tem a audição enriquecida para o público que consegue entender o que Ray Stevens diz no meio das músicas, mas mesmo os aborígenes não iniciados no idioma de Shakespeare - aproveitarão muito dêste álbum, constituído principalmente de temas inéditos, de autores pouco conhecidos: "Yaket Yak", "Little Egypt", "Mr. Custer", "Freedie Feel Godd (and his funkyi little five piece band)", "Sir Thanks a Lot", "Gitarzan", "Along Cames Jones", "Alley Oop", "Harry Oop", "Harry Hairy", "Ape", "Gabpipes", "That's My Bag" , e "Ahab The arab".
HIT EXPLOSION - 2 - Menos de um anos depois de ter apresentado o volume um deste álbum antologia com os mais famosos grupos vocais e instrumentais da Buddah Records, esta etiquêta no Brasil representada pela CBD - coloca ao alcance do público o volume dois do "Hit Explosion". São quatro conjuntos que aparecem em onze faixas e mais dois cantores - Chubby Checker (que há cerca de 10 anos andou nas paradas de sucesso tentando lançar um novo ritmo) e Melanie - que trazem [músicas] um tanto curiosas, com experimentos vocais e instrumentais. O Ohio Express está nas faixas "Sausalito"(Iis The Place To Go) e "Pinch Me" (Baby Convince Me) ; Melanie canta "I'm Back In Town"e "Bobo's Party"; The Edwin Hawkins Singers estão em "Aint It Like Im" e "Oh Happy Day"; The 1910 Fruitgum Co. apresentam "Special Delivery" e "The Train"; o cantor Chubby Checker, com um ritmo bastante diferente daquêle que o lançou no início da década de 60, apresenta "Back In The USSR" - título político para uma [música] sem maior profundidade - e "Windy Cream". Finaliznado The Brooklyn Bridge aparecem em "Jpside Down (Inside Out)" e "Yor Husband My Wife". OHIOS EXPRESS - O Ohio Express merece neste mesmo mês o lançamento de um lp "mercy" - Buddah Records CBD, BULP, 27.007 - em que afora "Pinch Me" e "Sausalito" que consta do 'Hit Explosion 2", aparecem com 11 outras faixas, inclusive uma música para a qual chamamos a atenção: "Peanuts" de G. Bengert. Em 2 minutos e oito segundos, com uma letra terna e bons efeitos vocais - instrumentais, Ohio Express presta u ma homenagem ao mais notável personagem dos "comics" criados nos Estados Unidos: o cãozinho poético e filosófico de "Charlie Brown" de Charles Schultz. No Brasil, "Peanuts" é o "Xereta", companheiro, inseparável de "Minduim", que infelizmente só tem suas aventuras (quase diríamos: poesia em quadrinhos publicados nas tiras diárias do "Jornal da Tarde", vespertino editado pelo "O Estado de S. Paulo". Só esta faixa, vale pelo disco onde estão ainda as [músicas] "Mercy" (Levine/Feldman), "Lucky" (Woods/Levine), "Sha-La-La" (J. Levine), "Nightime" (Levine/Feldman), "Up Against The Wall" (J. Wood/Levine), "Jacson ville Station", "Swetter Than", "Come On Down Maryanni", "Gimme Gimme", tôdas de J. Levine e mais "Oot La La". De Resnick.
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