Nos palcos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de março de 1978
José Maria Santos, 42 anos, 23 de vida teatral, decidiu manter a comédia "Alguém Falou de Amor" (Guairinha, 21 horas) em cartaz até o final da próxima semana. Mesmo com o natural esvaziamento provocado pela Semana Santa, a comédia de Mário Brasinio, que Zé Maria montou, com ajuda de Nelson Morrison, com muito bom gosto, deverá ter um público razoável, já que o ator - o mais profissional dos homens do teatro paranaense - não espera, comodamente, que o público vá ao teatro. Ao contrário, vai às escolas e faculdades, debate com os estudantes, motiva os líderes comunitários, busca, enfim, um público. Um trabalho sério, desenvolvido não só em Curitiba mas também no Interior, onde José Maria sempre procurou levar bons espetáculos, ajustados evidentemente à capacidade intelectual do público de cada cidade. Graças a isso, o seu conceito é grande e sólido, e garante a continuidade de um trabalho responsável.
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Há uma semana, Zé Maria apresentou, apenas para os alunos da Escola Técnica Federal do Paraná, um belo espetáculo que montou com jovens da ETFP, onde é professor de teatro: "Na Boca dos Poetas". Selecionando os mais belos momentos de duas dúzias de poetas brasileiros, fez um espetáculo didático e inteligente, que merecerá uma temporada normal no auditório Salvador de Ferrante, tão logo obtenha data. E na ETFP, Zé vai montar agora uma nova peça, provavelmente o incendiário texto de Oswald de Andrade - "O Rei da Vela", o maior êxito do extinto grupo Oficina.
"Alguém Falou de Amor", uma comédia de Mário Brasini, ex-ator, hoje milionário graças a firma que instalou para fornecimento de "pontos eletrônicos" (aparelhagem que permite tradução simultânea, contato em grandes ambientes, etc) reúne além de Zé Maria, também o veterano Lúcio Weber e Claudete de Oliveira, charmosa morena de Francisco Beltrão, que estreou em 1975, em "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes, que Aluizio Guerrilha Cherubim montou na ETFP. Agora, Claudete tem uma boa oportunidade e, por certo, novos convites deverão surgir.
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O panorama teatral da cidade está auspicioso: dia 29, no Guairão, estréia "A Morte do Caixeiro Viajante", de Arthur Miller, direção de Flávio Rangel, com Paulo Autran, Nathalia Thimberg e Simon Khouri, no elenco. Há 2 anos fazendo sucesso em São Paulo e Rio, este clássico da dramaturgia americana vem agora para uma curta temporada em Curitiba. Depois, uma comédia com Tonia Carreiro à frente do elenco, "Putz" e "Lição de Anatomia". Afinal, o público curitibano voltará a assistir bons espetáculos.
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Os convites para a estréia de "Carmen Costa - Ponta a Ponta"- )Teatro do BNH, Rio de Janeiro, dia 20), trazem os nomes do Grupo Momento e Fundação Cultural de Curitiba. O que significa que a produção é interestadual, invertendo-se o que acontecia antigamente: agora se produz um espetáculo para primeiro estrear no Rio e depois vir a Curitiba.
FOTO LEGENDA- Zé, Claudete e Lúcio
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