Login do usuário

Aramis

O merchandising do Halley rende muito!

Uma sugestão de pauta a quem interessar possa: levantar junto ao serviço de alvarás da Prefeitura - e mesmo na Junta Comercial - todas as solicitações de funcionamento com o nome de fantasia ou razão jurídica, com a palavra Halley. Sem maiores pesquisas, pode-se dizer que há pelo menos meia centena de pequenos e médios estabelecimentos que decidiram aproveitar a motivação à passagem do cometa para colocarem seu nome em placas. Na rua das Carmelitas, na Vila Hauer, um pequeno motel já exibe um luminoso anúncio com o nome de Halley. No Tarumã, uma revistaria e lotérica diz que Halley dá sorte. Nas Mercês surgiu um restaurante. E assim por diante... Em São Paulo, o produtor Odorico Mendes, da Chroma Filmes - empresa voltada à realização de vídeos e filmes publicitários - decidiu aprontar até abril uma série de 23 capítulos em torno do Halley. A co-produção é com um grupo americano e está sendo rodada nos antigos estúdios da Vera Cruz e na produção executiva está Bia Flexa. Desconhecem-se, até agora, maiores detalhes. Em alguns vídeo-clubes de São Paulo (e Luiz Renato Ribas deve também trazer uma cópia para o seu, em Curitiba) já é possível alugar "Live Force", produção estreada em Los Angeles, em junho do ano passado e que tem um argumento tão irreal quanto oportunista: Londres fica de quarentena devido à chegada de uma vampira ET, nua e sensual, viajando no rabo do cometa Halley. O diretor é Tobe Hooper, que ficou conhecido por "Poltergeist, o Fenômeno" (produção de Steve Spielberg, sucesso há 2 anos passados) e o roteiro (Dan O'Bannon/ Dom Jackob) tem por base o romance "The Space Vampires", de Colin Wilson, autor de muitos livros de science-fiction, alguns já editados no Brasil. Embora à disposição em cópias de vídeo-cassete, ainda não se tem notícia do lançamento de "Live Force" nos circuitos comerciais de cinema em 35mm. Em livros, então, a bibliografia provocada pela próxima passagem do cometa Halley cresce a cada semana. Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, o cabeludo pesquisador titular do CNPq e coordenador do Museu de Astronomia e Ciências Afins, no Rio de Janeiro, acresceu pelo menos cinco livros à sua já extensa (22) obra sobre espaço. Desde uma coletânea com textos, desenhos e ilustrações publicados pela imprensa carioca há 76 anos, que selecionou e organizou ("O Rastro do Cometa", Editora JB, Cr$ 115.000) até um livro infantil ("O cometa Halley vem aí", Salamandra, 1985). Ronaldo Mourão não tem parado de lançar livros a respeito do cometa Halley que, dentro de alguns dias estará visível a olho nu. Pela Francisco Alves publicou o amplo "Introdução aos Cometas" (610 páginas), que aparentemente parecia esgotar o assunto. Apenas aparentemente, pois agora, pela Vozes, Mourão publica uma espécie de manual - "Como observar e fotografar o cometa Halley" (87 páginas), obra que deveria até ser distribuída pelas lojas de aparelhos fotográficos que começam a concentrar suas campanhas neste ponto de venda. Afinal, este manual de Rogério Mourão é completo em termos de informações. E como o espaço é o marketing do momento, a mesma Francisco Alves lançou também "A Medida do Universo", de Isaac Asimov, 63 anos e nada menos do que 300 livros já editados - um recorde digno do Guinness. Nas 376 páginas de "A Medida do Universo" (Cr$ 72.000), Asimov busca, por estágios cuidadosos e gradativos, alcançar uma compreensão melhor da medida do Universo em alguns dos mais importantes físicos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
05/02/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br