Halley, um marketing que dá certo em 1986
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de janeiro de 1986
Por certo, quando a dupla de publicitários brasileiros teve a (luminosa) idéia de registrar, mundialmente, o nome Halley para a sua exploração mercadológica, eles sabiam o que faziam. E os milhões gastos na operação legal já devem estar voltando com muitos lucros. Mas apesar desta providência, seria impossível controlar a utilização do nome do astrônomo inglês Edmund Halley nas mais diferentes formas, agora que, mais uma vez, o cometa volta a ser visto na Terra (foi em 1758, 16 anos após a morte de Halley, que recebeu este nome).
Um pequeno motel na Avenida das Carmelitas, na Vila Hauer, já trocou de nome: agora chama-se "Motel Halley" e, em sua propaganda, diz: "Tão luminosos prazeres quanto belo a passagem do cometa". Na Avenida Victor do Amaral, uma loja de bilhetes lotéricos e revistaria, apela para o sentido místico da passagem do cometa: "Halley dá sorte".
Em vários bairros, pelo menos 10 estabelecimentos comerciais - bares, lanchonetes e até restaurantes - já receberam o novo nome. Ninguém, obviamente, se preocupou com a questão de copyright do título, pois o registro dos publicitários paulistas se restringe a sua utilização em forma de merchandising.
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Editorialmente, já chega a quase meia centena os livros sobre cometas e astronomia que o Halley está estimulando. Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, pesquisador do CNPq e coordenador do Museu de Astronomia e Ciências Afins, autor de nada menos que 22 livros sobre astronomia, colaborador regular do "Jornal do Brasil", findou 1985 com o lançamento de "Introdução aos Cometas" (Livraria Francisco Alves, 610 páginas), no qual praticamente esgota o assunto - explicando tudo sobre o Halley e os cometas em geral. No ano passado, Rogério Mourão já havia lançado pela mesma Francisco Alves o seu "Anuário de Astronomia" e, fruto de suas pesquisas, reuniu também em livro aquilo que a imprensa carioca publicou há 75 anos, quando da última passagem do Halley pela terra.
Também com um aspecto de nostalgia é "1910 - Quando o Cometa Passou", de Roberta Wiegand (Nordica, 112 páginas, Cr$ 23.900,00), suave história destinada às crianças em que recorda o Ano do Cometa. Roberta Wiegand alcançou enorme sucesso nos EUA com esta sua primeira história. A crítica reconheceu-lhe qualidades que a colocam, de imediato, como candidata ao Prêmio Hans Christian Andersen.
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Isaac Asimov completou ontem, dia 2, seus 66 anos de idade. Nascido em Petrovichi, URSS, em 2 de janeiro de 1920, Isaac emigrou para os Estados Unidos com seus pais em 1923. Formado pela Columbia University em Química, tendo servido na Marinha em 1945-46, Ph.D. em 1948 pela U.C., publicou sua primeira história - um conto de science-fiction - em 1939, na Amazing Stories ("Marooned Off Westa"). A partir de então, não parou mais de escrever. No ano passado, num recorde digno de registro do Guinnes' Book chegou ao 300º título, entre trabalhos científicos, ensaios, ficção e obras curiosas. E no boom de obras sobre espaço, um novo título de Isaac acaba de sair em português, tradução de Mário Molina: "A Medida do Universo" (376 páginas, Cr$ 72.000). Neste livro, o autor de tantos clássicos de SF busca, por estágios cuidadosos e gradativos, alcançar uma compreensão melhor na medida do Universo em alguns dos seus mais importantes aspectos físicos. Utilizando a medida SI (Sistema Internacional de Medidas), nos mostra como apreender pelo menos intuitivamente a dimensão de nossa compreensão individual e coletiva do tamanho do Universo na História da Humanidade.
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