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Aramis

O mundo plástico que cresce

Jorge Carlos Sade, artista plástico, marchand-de-tabloux, colecionador, apaixonado de trilhas sonoras e a boa música americana dos anos 40/50, é uma pessoa polêmica. Irreverente e cáustico, mas sincero no que fala e escreve, faz de sua coluna semanal em O ESTADO uma de maiores índices de leituras da imprensa paranaense. Mas, é como profissional no movediço e traiçoeiro campo das artes plásticas que Sade desenvolve um trabalho importante no mercado curitibano. Sua galeria de arte Acaiaca, desde que foi inaugurada, promove importantes exposições, conseguindo se destacar pela seriedade dos artistas expostos, especialmente agora, quando aumenta a concordância. Como faz tradicionalmente no mês de junho, organizou uma coletiva (aberta até 10 de agosto) intitulada Arte Classe Acaiaca, com 67 artistas de diferentes tendências e estilos. *** Há nomes consagrados na coletiva, mas também artistas jovens, começando a carreira. É o caso de Rubens cópia, 37 anos filho do grande mestre Copinha (um dos melhores flautistas brasileiros, em todos os tempos), há 4 anos redicado em Curitiba. Executivo da Supergasbrás, Rubens há nos se dedica à pintura, mais só com muita insistência de Sade é que decidiu mostrar seus trabalhos. Resultado: vendeu 7 quadros numa única semana e já existem colecionadores na fila a espera de novos trabalhos. Com uma técnica correta, imaginação, Rubens é mais uma revelação na área das artes plásticas. Outra curiosidade é Gilvan (Paulo Gilvan Duarte Bezerril, Recife, 1929), que há 30 anos passados, junto a Edinho (Edison Reis de França, Natal, 1930-RJ-1965) e Costa Neto (João da Costa Neto, Natal, 1930, formou o Trio Irakita, que durante 15 anos teve uma carreira de grande projeção. Hoje, Gilvan se dedica à pintura, tendo exposto recentemente em San Francisco, na Califórnia. Também Aldo de Maio, ator premiado do teatro e televisão, atualmente enfermo, vem se dedicando à pintura, com trabalhos de grande sensibilidade, com o produto dos quais está custeando seu tratamento médico. Uma bela tela de Aldo de Maio, tendo naturalmente o teatro por tema, foi adquirida por Marcelo Marchioro, diretor de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra, e está decorando seu gabinete. Aldo de Maio residiu muitos anos em Curitiba, projetou-se posteriormente no Rio e São Paulo e hoje, pobre a relativamente esquecido, volta à cidade. Sade é um dos poucos que está preocupando em lhe dar a necessária ajuda, valorizando o seu trabalho. *** Justificando a importância de uma coletiva como Arte Classe Acaiaca, Jorge Sade cita as palavras do crítico Olney Krause: << Uma coletiva é sempre oportuna e, mesmo sem querer , oferece discussão, confronto, debate, Polêmica, ajuste de contas. Uma mistura de idéias opostas, técnicas diversas, idades díspares, resulta sempre benéfica, salutar, gratificante >>. *** Fernando Ikoma começou fazendo histórias-em-quadrinhos, sendo o primeiro desenhista a se profissionalizar nesta área, criando vários personagens de sucesso nacional. A partir 1976 passou a se dedicar aos óleos, com quadros de grande força - no início lembrando a Érico da Silva, mas hoje já com personalidade própria. Com dois primeiros prêmios nos Salões de Novos, mais de uma dezena de individuais, inaugura, dia 5 de agosto, nova individual na Eucat Expo, onde, há dois anos já fez uma mostra onde vendeu todas as telas. *** Falando em artes visuais, Londrina foi o grande destaque no I Salão Nacional de Fotografias de Minas Gerais, realizado paralelamente ao VII Salão Global de Inverno. Com 34 aceitações, duas medalhas e duas menções honrosas, o Cine Foto Clube de Londrina mereceu o destaque de << melhor representação >>. Na área de dispositivos a medalha de ouro foi para << Jogo de século >>, de Rui Mello Porto e a de prata para << Inferno >>, de S. Saandjian, também de Londrina. O trabalho de Mello Porto foi utilizado inclusive na capa do catálogo, aliás um precioso documento sobre a arte da fotografia, acoplado ao do Salão Global, que trouxe textos dos críticos Frederico Morais, Roberto Pontual e Zeca Araújo sobre a fotografia como arte visual, além de transcrever o texto da reportagem de capa da revista << Veja >> (595, janeiro/80) intitulada << A hora da fotografia >> , que destacou o fato do cotidiano do brasileiro estar sendo retratado por quase 8 milhões de máquinas. *** Luís Carlos de Andrade Lima, que decidiu aumentar seu faturamento de professor e pintor também como marchand-de-tablaux, inaugurado uma galeria-escola na Rua Buenos Aires, 57, anuncia para o dia 5, a vernissage de uma nova aquarelista, Maria de Fátima Zagomel. Aluna da Escola de Arte Alfredo Andersen e já tendo passado pela publicidade, Maria de Fátima entra agora na arena plástica com suas aquarelas. *** E para completar os registros da área, hoje uma efemérica: lembra o bom amigo Lincoln Proença, da Encyclopédia Britânica do Brasil, que transcorre a 27 de julho o 90.º aniversário da morte de Van Gogh (Vincent Willen Van Gogh, Groot-Zubert, Holanda - 30/3/1853 - Auvers-sur Oise, França, 27/71890), o último grande pintor do século XIX, ao lado de Munch, o precursor imediato do Expressionismo. é impressionante que até hoje a MGM não tenha se animado a relançar o filme << sede de Viver >> (Lust For Life, 56), que Vicent Minelli realizou sobre a vida de van Gogh, com Kirt Douglas interpretando o sofrido artista e Anthony Quinn como Gauguin, No Museu Van Gogh, em Amsterdã, há inclusive cópia do roteiro do filme, reproduções dos cenários etc. O filme que foi exibido no cine Ópera, em 1957, com grande sucesso, nunca mais teve relançamento comercial. E a perenidade da obra de Van Gogh justificaria, tranquilamente, a sua reapresentação. FOTO LEGENDA 1- N.S. da Conceição, de Gilvan, ex-Trio Irakitã, agora pintor: também na Acaiaca. FOTO LEGENDA 2- << A Cadeira >>, de Aldo de Maio, ex-ator, agora pintor: em exposição na Acaiaca.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
27/07/1980

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