O último disco de Airto
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de novembro de 1977
Quando esteve em Curitiba, na penúltima semana de junho visitando seus pais e irmã - que residem no bairro do Uberaba, em casa com que eles os presenteou - o percussionista Airto Guimorvam Moreira não pode estender suas férias, porque, no dia 10 de julho, iniciaria o seu novo elepê, já então na Warner Records, depois de ter feito dois discos-solos na "Arista" ("Identity" e "Promisses of The Sum"). É realmente Airto cumpriu as datas, tão cronologicamente, que este seu novo elepê ("I'm Fine, How Are You?", Warner/WEA), acaba de ser colocado, nesta semana, nas lojas do Brasil - simultaneamente aos Estados Unidos.
Airton Guimorvan Moreira, 37 anos, catarinense de Itaiacoca, dos 1 aos 14 anos em Ponta Grossa, dos 15 aos 18 em Curitiba, ex-Sambalanço, ex-Sambrasa e ex-Quarteto Novo, a partir de 1967 nos EUA, hoje o percussionista brasileiro de maior prestígio internacional, é, há muitos anos, notícia regular em nossas colunas. Pois acreditamos que um músico como ele, que teve praticamente seu início profissional em Curitiba, tocando em boates como King's Club e Luigi's, integrando as orquestras King's e de Oswal, e que, graças exclusivamente a sua criatividade, talento e imaginação, obteve a projeção que hoje desfruta, deve ser sempre louvado.
A audição cuidadosa deste seu novo lp o décimo álbum-selo que faz em pouco mais de seis anos - é um disco de percussão e ritmo, brasileiríssimo, em que pese os títulos das músicas em inglês, natural tratando-se de um lançamento destinado ao mercado americano. Airto deita e rola, mostrando todo o seu ritmo e classe, na parafernália de instrumentos de percussão que domina como poucos - e que faz o encanto do seu público, cada vez maior nos Estados Unidos. Produção de US$ 60 mil dólares, esta gravação - desenvolvida nos estúdios da Paramount, em Hollywood, entre julho e agosto/77, teve a participação da esposa do Airto, a cantora Flora Purim - há 3 anos, o primeiro nome entre as melhores vocalistas de Jázz nos EUA e de mais uma série de outros notáveis instrumentistas: os brasileiros Laudir de Oliveira, atualmente integrando o grupo pop Chicago, em "The Happy People" (um samba excelente, onde Airto também, mostra sua bela voz) e "Celebration Suite", Raul de Souza, o Raulzinho - trombonista de vara que também, morou muitos anos em Curitiba; o saxofonista e flautista Tom Scott, o tecladista Hugo Fattoruso, entre outros. O registro deste disco de Airto Moreira não pode ficar apenas restrito a nossa página dominical: é tão importante e tão representativo de sua arte - que merece ser conhecido de todos.
Falando em Raulzinho, também, ele, nos EUA há alguns anos, graças ao amigo Airto, teve lançado há poucos dias, o seu segundo lp-solo, "Sweet Lucy", gravado na Capital, produção de George duke. E onde Raul incluiu três (músicas( próprias, "Wild And Shy", "At Will" e "Bottom Heat", ao lado de uma das mais belas músicas da Bossa Nova - "A Canção do Nosso Amor".
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