Os Cantores de Rádio
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de março de 1975
Como já acentuamos em comentário anterior, o fenômeno Secos & Molhados, quando conseguiu se transformar no grupo de maior aceitação da juventude ( e infância) vendendo milhares de cópias de discos, abriu os olhos das gravadoras para a necessidade de acreditar em gente nova, com boas propostas. Assim como todas as gravadoras buscam encontrar um cantor que venda tanto quanto Roberto Carlos o que felizmente começa acontecer pois o último elepe de Martinho da Vila já superou as vendagens do RC-7 por sinal, um grande fracasso, também o sonho dos produtores fonográficos é encontrar um conjunto que substitua os S & M no gosto do público jovem.
Enquanto a Continental investe em uma série de grupos, a RCA Victor destina verba publicitária para o Made In Brasil - cujo líder, Cornellius, na mesma linha androgenea de Ney Matogrosso começa a ganhar promoção nacional - a CID e a Odeon também fazem seus investimentos. A pequena mas atuante Companhia Industrial de Discos, por exemplo, colocou nas lojas já há algum tempo um elepe de um grupo chamado "Assim Assado" com a maioria das musicas assinadas por Miguel de Deus, possivelmente o líder do grupo - já que na folha anexa do elepe não consta sequer os nomes de seus integrantes. As musicas com que o "Assim Assado" tenta seu lugar ao sol tem nomes como "Viva Crioula", "Na Boca da Estrada", "Pedaços", "Sol, Sal, Sol Tropical e "Lunática Marciana".
Já a Odeon está investindo bastante num trio chamado apropriadamente Os Cantores do Rádio (SMOFB 3857, Janeiro/75). Dois Rapazes e uma apetitosa jovem (o que já é significativo), que aparecem na foto da capa em trajes bizarros, orientalistas, integram este novo grupo que foi buscar seu nome na linda musica de Alberto Ribeiro/João de Barros, revalorizada há 4 anos por Nara Leão e Maria Bethania, que a cantavam numa das cenas de "Quando o Carnaval Chegar" e que no histórico "Alô, Alô Carnaval" era interpretada por Carmem e Aurora Miranda. Numa homenagem a canção que lhes deu o nome, o grupo a gravou na abertura do lado dois do disco, acoplado a um trecho de "P'ra Quem Quiser Cantar" (Lamartine Babo/Arnaldo Barbosa), todas as demais composições são de Sarah Tony Baia, dois dos três "Cantores do Rádio Brasileira e saudavelmente, as letras falam de coisas do Brasil, possuem agradável ritmo e podem acontecer: "Pula Pula", "Cor de Barro", "Cruz Vermelha", "Severino" (da qual também é autor Ray), "Cobra Engolindo Cobra", "Palavreado", "Alagados" (este só de Tony Baya), "Coquette", "Cabra Cega" e "Poeira" Para que o grupo possa acontecer é preciso que os programadores justifiquem o seu nome: Os Cantores do Rádio precisam ser ouvidos em todas as rádios...
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Interessantes compactos no último suplemento de 74, da Odeon: Ivon Curi em uma nova gravação de "Retrato de Maria", seu antigo sucesso, tendo no outro lado a versão "Não Sou Daqui, Nem Sou de Lá". A deliciosa Márcia gravou "Essa Nega (Berimbau), e "Pra Quem Sabe" (Adilson Godoy). Com Simone, extraído de seu vigoroso elepe, um cs com "De Frente Pro Crime" e "Fantasia" ambas da dupla João Bosco/Aldir Blanc.
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Luiz Violão é uma promissora estreia, com duas composições próprias: "Poeira da Idade" e "Canção Passarinho". Por último Paulinho Soares, jovem sambista está tendo boas chances, com "Viu?" e "Na Porta de Um Boteco", ambas composições próprias.
LEGENDA FOTO 1 - Curi.
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