Simone e Luiz, os bons lps da Odeon
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de outubro de 1974
Antecipando-se a colocação dos discos nas lojas, a Odeon já está divulgando nas rádios da cidade, através do trabalho do esforçado Alceu Wildner, três lps de seu suplemento nacional de nobembro/74 - dois dos quais nos parecem da maior importância: "Quatro Paredes" com Simone e o disco que marca a estréia do veterano Luis Vieira naquela fábrica.
Com menos e dois anos de carreira regular, a bela, alta e expresiva Simone - por nós já [incluída] como a revelação de 1973, faz seu terceiro lp na Odeon, se considerarmos o álbum que gravou ao lado do cantor Roberto Ribeiro e do violonista João de Aquino, especialmente produzido para a Feira "Brasil Export", em Bruxelas, no ano passado, por Herminio Bello de Carvalho. Neste "Quatro Paredes", Simone impressiona, mais uma vez, por sua voz robusta, de grandes imagens - só comparável a de Maria Bethania - aproximação que, por certo, não deve agradar a [intérprete], preocupada em criar uma imagem própria, de muita personalidade. Embora desconhecendo a ficha técnica desta produção, apenas ouvindo-se o lp não temos dúvidas em já [incluí-lo] como um dos melhores do ano, em especial pelo repertório selecionado: "De Frente Pro Crime", de João Bosco/Aldir Blanc abre o lp, onde estão ainda duas outras músicas da mesma dupla: "Fantasia" e a extraordinária "Bodas de Prata" - sem [dúvida] uma das músicas do ano; do violonista João de Aquino, com letras de Paulo Frederico é "Nosso Amor Não Deu em Nada"; de Eduardo Marques/Herminio Bello de Carvalho, "Salamargo"; da nova dupla Cirino/Fred Teixeira, "Baião do Coração"; de Eduardo Marques, "Quatro Paredes"; de Theresa Tinoco, "Desgosto". Das músicas já conhecidas, recriadas por Simone temos: "A Saudade Mata A Gente" (João de Barro/Antonio Almeida), "Proposta" (Roberto Carlos/Erasmo Carlos), "Qui Nem Jiló" (Humberto Teixeira-Luiz Gonzaga) e "Chuva, Suor e Cerveja" (Caetano Veloso).
Poucas vocalistas jovens nos impressionaram tanto quanto Simone. Ouçam e concordarão conosco.
Luiz (Rattes) Vieira, pernambucano de Caruaru, 46 anos, mais de 20 de vida artística, após uma carreira e muitos sucessos na Copacabana, está estreando na Odeon com um bonito lp, onde não poderia deixar de reunir alguns de seus maiores sucessos, ele que tantas toadas enternecedoras tem criado:"Guarania da Saudade", "Os Olhinhos do Menino", "Nossa Vez", "Menino do Braçana" (em parceria com Arnaldo Passos), "[Prelúdio] [Para] Ninar Gente Grande", "Prelúdio nº 2" (Paz no meu amor), "Resto de Quem Parte", "Cortejo" e "Estrela de Veludo". Mas Vieira incluiu neste lp de estréia na nova gravadora também (boas) músicas de outros compositores: a irônica "Rato, Rato" (Casemiro Rocha-Claudino Manoel da [Costa)], "Zé Valente" (B. Barbosa/Luiz Augusto) e "Ave Maria dos Retirantes" (Alcivando Luz-Carlos Coqueijo).
Sem [dúvida] uma boa conquista para o já admirável cast de artistas nacionais da Odeon. Uma boa estréia em nova fábrica.
Finalmente com um grupo chamado "Os Chorões", temos também o lp "Recordar é Viver", que Alceu Wildner está promovendo. Com o sêlo Coronado - o que significa que estará a venda a preço mais razoável - [reúne] uma série de sucessos populares, alguns de certa importância - "Tristezas do Jeca" (Angelino de Oliveira), "Carcará" (João do Valle/José Candido), "Normalista" (Benedido Lacerda-David Nasser), "Trem das Onze" (Adoniram Barbosa), "Felicidade" (Lupicinio Rodrigues).
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