Os melhores blues com o talento de Marsalis
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de maio de 1991
Enquanto o irmão Wynton estréia como autor de trilha sonora em "Tune In Tomorrow", uma produção recém concluída pelo Cinecom Entretainment Group, seu irmão mais velho, Branford, 31 anos, também está presente com outra magnífica trilha sonora: "Mais e Melhores Blues", do energético e político Spike Lee (lançamento ainda com selo CBS, 1990, mas só após o filme ter sido exibido no Brasil, merecendo maior atenção).
Depois do explosivo - e contundente - "Faça o Coisa Certa", Lee decidiu mostrar que nem todo músico negro de jazz tem que ser drogado, pobre e viver no inferno - como mostraram os excelentes "Ao Redor da Meia Noite (Roud About Midnight), de Bertand Tavernier; "Bird", de Clint Eastwood e o ainda inédito documentário "Let's Get Lost" sobre Chet Baker.
Assim, "Mo Better Blues" - já lançado, sem sucesso aliás, no cine Lido - é um filme up, sobre um músico negro, (Denzel Washington), economicamente bem sucedido e muito bem amado - tanto é que suas dificuldades são as duas mulheres (Cynda Williams e Joie Lee) que querem a sua presença com exclusividade. Só o empresário Giant (Spike Lee, um baixinho magro e feio) é visto caricaturalmente - embora com ternura - pois afinal ele foi o roteirista-diretor. Musicalmente a trilha sonora é explêndida: Bill Lee, Delfeyano Marsalis e Raymond Jones produziram um score, unindo temas inéditos de Bill Lee ("Again Never", "Mo Better Blues"), Branford Marsalis ("Say Hey"); "Knocker Out The Box"; "Benettath the Underdos" e "Jazz Thing", este em várias parcerias) mais um clássico de W. C. Handy (1873-1958): "Harlen Blues" apresentado em duas versões. Para gravar a trilha Branford reuniu Kenny Kirkland (piano), Robert Hurst (baixo);, Jeff "Tain" Watts (bateria) e, em destaque, o trumpetista Terence Blanchard. Denzel Washington e Wesley Snipes surpreende no faixa "Pop Top 40", enquanto Cynda Williams vocaliza a abertura, na primeira versão de "Harlen Blues".
Uma trilha sonora nota dez, tão fascinante quanto o filme de Spike Lee - na difícil relação jazz-imagens.
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