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Aramis

Os Sambas-de-Enredo (l)

Pela própria extensão do tema a música de Carnaval comportaria não um registro público mas um ensaio sócio-econômico musical sobre a sua ascensão e decadencia, nos multiplos aspectos que influiram na transformação de um genero musical que se tornou durante décadas, sinônimo do próprio cancioneiro verde-amarelo. Se no passado havia o que se chamava música de carnaval e música de meio-de-ano, com centenas de compositores e interpretes catituando seus possíveis êxitos a partir de outubro de cada ano, usando para tanto os veículos disponíveis na época rádio (90%), shows musicais, bailes, sistemas de alto-falantes, etc., hoje as coisas se transformaram. Continuam a aparecer centenas de músicas de carnaval mas que são gravadas em etiquetas fantasmas, com precária divulgação, geralmente entregues as próprias sociedades arrecadadoras que distribuem os compactos junto, com os catálogos das músicas, entregues aos maestros ou responsaveis por orquestras e grupos instrumentais que trabalham no Carnaval. As grandes gravadoras praticamente se desinteressaram em gravar compactos com música de Carnaval que isoladamente, raramente vende. Em compensação surgiram os Sambas de Enredos das grandes escolas de samba da Guanabara, que no passado nunca mereciam gravações, mas que hoje tornaram-se atraentes para as gravadoras. Não só apareceram sucessos nacionais originários dos Sambas-Enredo, como os milhares de turistas que chegaram a Guanabara para assistirem ao maior carnaval do mundo, se constituem em clientela em potencial para estes álbuns. Associada a Federação das Escolas de Samba da Guanabara, a Top Tap, sempre graças a visão de seu diretor José Rosemblit Sobrinho, passou a produzir caprichados albuns com os Sambas-Enredo das escolas dos dois grupos. O sucesso animou outras gravadoras a tentarem o mesmo esquema e assim na época pré-Carnaval não temos mais os discos simples com as músicas para o Carnaval (as poucas exceções são os lps em que as gravadoras reunem diversos interpretes, com os sambas e marchas de melhor nível) mas sim os Sambas-de-Enrêdo. Este ano afora os albuns da Top Tape temos duas outras produções. Pela Tapecar, desde 1972 também atraida para o genero, "Escolas de Samba/ Enredos 75" ( Tapecar, S.E. 75, Dezembro 74) a sambista Elza Soares, recente conquista da gravadora do astuto Manolo defende os sambas-enredos "Festa do Círio de Nazaré" (Darlo Marciano-Aderbal Moreira - Nilo Mendes), da E.S. São Carlos e "O Mundo Fantástico do Uirapurú") (Tatu - Nezinho - Campo), da E.S. Independentes de Padre Miguel. Com o novato mas ritmado Marcos Moran aparecem "Macunaíma" (David Correa/ Norival Reis) o tema da Portela para 75 e "Zaquia Jorge, Estrela do Subúrbio, Vedete de Madureira" (Avarése) do Império Serrano. Os demais interpretes escolhidos são totalmente desconhecidos: Toco interpretando "Quatro Séculos de Paixão" (Tião Grauna-Arroz) da E.S. Vila Isabel e "O Grande Decênio" (Birá Quininho G.R.E.S. Beija Flor) da Beija-Flor; com Aroldo Santos, "Nos Confins de Vila Monte" (Cezão); com Roque de Pla "Personagens Marcantes dos Carnavais Cariocas" (Cigarra) da E.S. Em Cima da Hora; Com um anonimo coral, são os sambas-enredos das Escolas de Samba da Mangueira (Imagens Poéticas de Jorge de Lima, de Tolito Mosar/Delson) e Salgueiro ( O Segredo das Minas do Rei Salomão) de Ninha Rossi, Dauro, Zé Pinto, Mauro Pedra).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
10
29/01/1975

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