Realidade Hospitalar (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de julho de 1974
Dos 504 hospitais existentes no Paraná nada menos que 476 são particulares, existindo apenas 16 estaduais, 10 municipais e 2 federais. Tais números demonstram o grande interesse particular pela atividade, provando que apesar das alegações em contrário dos empresários-médicos, o atendimento hospitalar ainda é muito lucrativo (prova está que entre os maiores contribuintes do Imposto de Renda no Paraná, estão pelo menos 10 proprietários de hospitais). No levantamento que a equipe formada pelo médico Reginaldo Lopes, assistente social Marisa Seara, jornalista Maria de Jesus Coelho e enfermeiras Leonilda Devigili e Irma Fagundes fizeram sobre a Rede Hospitalar do Estado do Paraná, adotando um índice de leitos por 1000 habitantes de 3,3 muito inferior àquele que seria aceitável por um país em desenvolvimento, como o Brasil, concluíram que dos 289 municípios paranaenses, apenas 20 (6,92) apresentam superavit de leitos: Curitiba, Cambará, Quatiguá, Ribeirão Claro, Cornélio Procópio, Londrina, Maringá, Apucarana, Mandaguari, Loanda, Paranavaí, Medianeira, Pato Branco, Francisco Beltrão, Marechal Mallet, Rio Azul, Jaguariaiva, Tibagi, Rio Negro e Antonina. Já em relação ao número de médicos, só Curitiba apresenta superavit (1.101 profissionais) - mas se considerando que dos 1.600 médicos da Capital, quase 50% são especialistas, mesmo este índice também não significa excesso - embora a concorrência principalmente entre os médicos mais jovens ainda seja intensa. Em compensação em 67 municípios não existe um único médico. A conclusão globalizada para o Paraná é que, com uma população de 7 milhões de habitantes, temos um déficit de 7.217 leitos e de 2.557 médicos.
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