Ritual para a festança do marketing no cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de março de 1990
O interesse pelo Oscar cresceu tanto que a festa - que acontecerá pela 62ª vez amanhã a noite - já proporciona um verdadeiro ritual entre o social e o artístico. Enquanto os cinéfilos mais radicais preferem pequenos grupos, interessadíssimos e que devem se manter em silêncio durante a transmissão - para que nada se perca - outros, mais badalativos, aproveitam o ensejo para verdadeiras festas, no qual acompanhar a transmissão acontece de uma forma descontraída - com muitos palpites, apostas e torcidas.
Para tanto, as relações dos indicados passam a serem importantes. Durante anos, a imprensa apenas publicava as nominations das principais categorias, mas hoje todas as categorias, com os 5 candidatos em cada uma, são divulgados (em outra página desta edição, está a relação completa dos indicados-1990), com destaque.
O número de categorias do prêmio foi alterado através dos anos, refletindo o desenvolvimento da indústria cinematográfica, como o advento do som e da cor. Todos os indicados para o primeiro prêmio de melhor filme eram mudos e apenas um foi conferidos a um "filme sonoro" ("O Cantor de Jazz"). No primeiro ano (1927/28) havia onze categorias: ator, atriz, diretor de drama, diretor de comédia, melhor filme (produtor), melhor qualidade (companhia de produção), roteiro original, adaptação de história, fotografia, direção de arte e efeitos especiais. Os prêmios de produção distinguiam entre o melhor produtor, "que produzia o melhor filme, considerando todos os elementos que contribuem para a grandeza de um filme".
Já no segundo ano referentes aos filmes lançados entre 1928/29), os prêmios foram apenas para sete categorias. Em 1934 o número de categorias aumentou para 13, com novas áreas como montagem, curta-metragem e música. E no seguinte, devido a popularidade do filme musical, uma nova categoria foi criada para homenagear a direção de arte.
Até 1935 havia apenas duas categorias de interpretação: melhor ator e melhor atriz. Em 1936 criaram-se premiações para coadjuvantes. E para se atualizar com o advento da cor, os prêmios de fotografia e direção de arte foram subdivididos em 1939 em trabalhos em preto-e-branco e em cores. Os primeiros premiados nestas áreas foram Gregg Toland ("O Morro dos Ventos Uivantes/Wuthering Heghts") e Ernest Haller e Ray Rennaham ("... E o Vento Levou"). Além disso, os prêmios e música homenagearam a trilha sonora original, realização sonora e canção. O maior número de prêmios conferidos pela Academia foi em 1956, com nada menos que 27 categorias; havia muitos campos novos, inclusive alguns para documentários. Novas categorias foram criadas e outras desapareceram, de acordo com o desenvolvimento da indústria cinematográfica. Em 1957 a Academia eliminou a categoria de "Melhor realização sonora de um musical" devido ao declínio do gênero.
Em 1967, os prêmios até então duplicados em direção de arte, cenografia e fotografia, anteriormente conferidos a trabalhos em preto-e-branco e em cores, foram abolidos - já que o cinema p&b praticamente desapareceu.
A categoria mais recente foi a de maquiagem conferida pela primeira vez em 1982, após uma prolongada luta dos maquiadores nesse sentido. Nos anos anteriores, alguns prêmios honorários foram conferidos a artistas da maquiagem como William Tuttle ("As Sete Faces do Dr. Lao", 1964) e John Chambers ("O Planeta dos Macacos", 1968).
Tem havido também variações no número de indicações em cada categoria. No primeiro ano, três atores foram indicados como melhor ator: Richard Barthelmess por dois filmes, "The Noose" e "The Patent Leather Kik"; Emil Jannings, o vencedor, também por dois filmes, "O Último Comando" (The Last Command) e "Tentação da Carne" (The Way of All Flasch) e Charles Chaplin por "O Circo" (The Circus). No mesmo ano, três atrizes foram indicadas por cinco interpretações: Janet Gaynor, a vencedora, por "Sétimo Céu" (Seventh Heaven), "Anjo das Ruas" (Street Angel) e "Aurora" (Sunrise); Louise Dresset por "A Ship Comes In" e "Glória Swanson" por "Sadie Thompson". No primeiro ano, houve dois prêmios de direção, um para comédia e um para drama, e três diretores concorrem para cada prêmio. Os vencedores foram Frank Bozage ("Sétimo Céu") e Lewis Milestone ("Two Arabian Nights"), respectivamente.
Só a partir de 1936, o número de indicações para direção foi estabelecido em cinco a de cada ano. Também em filmes, haviam muitos em disputa: em 1934/36, concorreram doze. Nos sete anos seguintes, dez filmes competiam anualmente. Só que na época, havia inúmeros filmes e qualidade. Em 1939, por exemplo, a safra era tão fértil que foi dificílimo aos membros da Academia fazer a escolha: "Vitória Amarga", "... E o Vento Levou" (O vencedor), "Adeus, Mr. Chips", "Duas Vidas" (Love Affair), "A Mulher faz o Homem" (Mr. Smith Goes to Washington), "Nicotchka", "Carícia Fatal" (Of Mice And Men), "No Tempo das Diligências", "O Mágico de Oz", "O Morro dos Ventos Uivantes". Ufa!
LEGENDA FOTO - Morgan Freeman como o motorista em "Conduzindo Miss Daisy" ganhou indicação ao Oscar de melhor Ator - numa disputa com Robin Williams ("Sociedade dos Poetas Mortos"), Tom Cruise ("Nascido em 4 de Julho"), Kenneth Branagh ("Henry V") e Daniel Day Lewis ("My Left Foot").
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