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Sérgio, mestre de Groff na arte de beber vinho, lança novo livro

"Agora que a velhice começa preciso aprender com o vinho a melhorar envelhecendo, e sobretudo a escapar do perigo terrível de envelhecendo virar vinagre" (Dom Helder Câmara, "Meditações do Padre José) Possivelmente nenhuma bebida inspirou bibliografia tão extensa quanto o vinho. Há centenas de livros, manuais, volumes de crônicas, guias etc., desde edições mais modestas (e econômicas) a, principalmente volumes-de-arte, obras fartamente ilustradas, "daquelas que não dá para ler na cama, só na mesa "queixa-se o maior estudioso da enologia no Paraná, o engenheiro, dramaturgo e sobretudo humorista e grande consumidor Luis Groff, 55 anos, curitibano, filho do pioneiro do cinema paranaense. (*). Dono de uma biblioteca especializada com mais de 80 bem selecionados títulos 10% do total de sua adega ("não sou um colecionador, sou um bebedor, por isto só tenho uma média de 800 litros de vinhos", justifica), o próprio Groff, em novembro de 1989, com patrocínio do grupo Olsen (da qual é diretor de marketing) publicou "In vino Veritás", que já ganhou segunda edição. Redator de coluna semanal com o mesmo título na "Gazeta do Povo" - na qual, como faz o carioca Apicus ("Jornal do Brasil" em termos de restaurantes, alterna cultura, humor e apreciações técnicas, Groff tem material para mais um novo volume, "desde que apareça editor interessado". Assim como tem vários textos teatrais inéditos - ele que escreveu, a pedido de seu grande amigo José Maria Santos (1936-1990), a peça que inaugurou o Teatro da Classe (**), "A Reputação do Quatro Bicos", Luiz, ex-coordenador do Programa Nosso - que estimulou as chamadas industriais de fundo de quintal (muitas delas hoje, pequenas e médias empresas que prosperaram) e foi presidente da Companhia Cidade Industrial de Curitiba, gostaria mesmo é se dedicar profissionalmente ao prazer de saborear os vinhos que tão bem conhece e sabe degustar. Como o curitibano Groff, existem outros brasileiros que apreciadores da bebida de Baco e generosamente tem procurado transmitir suas experiências e conhecimentos aos simples mortais que não tem o mesmo requinte (e especialmente recursos) para consumir as melhores marcas. Marcelino de Carvalho, um mestre de boas maneiras - e também de boas bebidas e comidas; José Osvaldo Amarante, Amauri temporal e especialmente Sérgio de Paula Santos são alguns nomes lembrados. Paula Santos, 60 anos, médico formado pela Universidade de São Paulo e que morou em vários países - Estados Unidos, França, Alemanha e Escandinávia, é reconhecido por Groff como um mestre. - "Foi ele quem me entusiasmou pela arte de conhecer vinhos". Escrevendo sobre vinhos na "Folha de São Paulo", depois no "Globo" e Rio de Janeiro, bem como em revistas nacionais e estrangeiras, foi um dos primeiros e publicar livros a respeito: "Vinhos", "Os Caminhos de Baco", "Vinho e Cultura" e "O Vinho Nosso de Cada Dia". Agora, saiu o seu quinto livro - "Vinhos, A Mesa e o Copo" (LP&M, 270 páginas) definido por Paul Pontalier, diretor do Cháteau Margaux, como obra de rara erudição, em que o autor "convida-nos a seguí-lo através dos longos caminhos que o homem e o vinho percorrem desde o começo da história". Dividindo por blocos geográficos - "Da Lusitânia", "Da França", "Da Germânia", "Da Áustria", das "Américas" da Ásia depois evolui para análises da cerveja, do álcool, passando para a fisiologia, patologia, religião e economia. Por último, em "Da Mesa", fala de instituições, receitas e até restaurantes, enfoca personalidades e não esquece nem mesmo "os vinhos do submundo". Enfim um serviço completo - que faz este livro diferenciar-se de vários outros que tem sido publicados no Brasil - muitos deles patrocinados por cooperativas vinícolas, industriais ou mesmo com fins publicitários. Até o cinema é lembrado - com a citação de filmes "A Lenda do Santo [Beberão]" (já exibido em Curitiba), de Ermanno Olimi, baseado no conto homônimo do austríaco Joseph Roth (1894-1939), que venceu o Leão de Ouro de Veneza (1988). Se o scotch é praticamente ignorado, a cerveja merece 7 páginas, com informações básicas. Aliás, os bens bebedores de vinhos geralmente não tem muita identidade ao chamado nectar escocês, que no Brasil teve em Luís Almeida Salles, um de seus maiores experts, autor inclusive de um "Dicionário do Uisque", hoje raridade, resultado de anos de pesquisas, viagens e principalmente muitos porres na Escócia. Almeida Salles chegou a ter um sofisticado restaurante em Itapicirica da Serra, em São Paulo ("Taberna do Pilão"), com apenas 8 mesas, "mas que foi o primeiro estabelecimento cinco estrelas a servir
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
02/07/1992

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