Sound for Tourists
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de fevereiro de 1977
O Carnaval é dentro de 3 meses e as gravadoras começam a dar a arrancada para a festa. É claro que música para Carnaval, como acontecia no passado, já não há mais. O que há são arranjos especiais de músicas que aconteceram nos últimos meses - entre sucessos nacionais e - pasmem! - estrangeiros, capazes de conquistarem a preferência dos foliões. Ou, principalmente os sambas-de-enredos, das escolas dos grupos 1 e 2, do Rio de Janeiro, cada vez mais industrializadas. A Phonogram, gravadora que sempre se voltou para o Carnaval, ataca nos dois campos, com a edição de um elepê ("Big Banda'78", Polyfair/outubro/77, do qual extraiu um compacto duplo, ambos muito bem catituados. Assim, com uma banda bem animada e numa edição especialmente destinada a turista - prova disto está no substituí-lo em inglês na colorida capa ("The Original Sound of The Most Famous Brazilian Carnival Ball Orchestra"), estão agrupados como marchas ranchos. Músicas como "Os Seus Botões" (Roberto-Erasmo Carlos), "Somos Todos Iguais Nessa Noite" (Ivan Lins/Vitor Martins), "Tigressa" (Caetano Veloso), "O Que Será" (A Flor da Terra) (Chico), "Sonhos" (Peninha), "Olhos nos Olhos"), "Tranquei a Vida" (Ronnie Von-Tony Osanah), "Fim de Tarde" (Mauro Mota-Edson Orge) etc. Como "maxixes" (M) aparecem "Vai, Trabalhar, Vagabundo" (Chico), "A Xepa"(Ruy Mauriti/José Jorge), "Maravilha" Walter Queiroz). Há também musicas classificadas como "marchas carnavalescas" e vejam de que autores: Rita Lee ("Arrombou a Festa"), Erasmo/Roberto Carlos ("Meu Filho", "O Progresso"). Para dizer que não gravou sambas-de-enredo, a Big Band'78 incluiu os sambas-de-enredos da União dos Imigrantes" e Beija Flor (Vovó e o rei da saturnália na corte egipciana"), todos de 1.977. Realmente, o Carnaval já era em termos musicais. Agora marketing para turista americano ouvir...
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