De veteranos a estreantes com coração e eletricidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de fevereiro de 1977
De uma só vez, a CBS coloca no mercado um punhado de bons cantores-intérpretes, o que somado - a alguns outros lançamentos abre muitas opções a quem gosta da música vocal, bem tratada, arranjos competentes e vozes agradáveis. Por exemplo, Tony Bennett (Anthony Dominick Benedetto, Queens, New York, 1926) está entre os melhores. O cantor americano apontado, constantemente, como herdeiro de Frank Sinatra. Ele começou cantando em programas de Bob Hope e Mitch Miller e, em 1951, teve um primeiro sucesso, "Cold, Cold Heart", 20 anos depois chegava a ter a glória de fazer um recital com a London Philharmonic Orchestra, registrado num elepê histórico. "I Left My Heart In San Francisco" foi o seu maior sucesso de vendas - e canção que permanecerá sempre identificada com sua imagem de cantor peninsular, voz potente e afinada. Mas Bennett é um cantor de amplo repertório, mesmo que nem sempre músicas por ele lançadas. Prova que aparece agora no volume 2 da antologia "Tony Bennett Greatest Hits" (CBS, 137999, outubro/77 como sempre com músicas marcantes, emoldurados em arranjos primorosos, com grande orquestra. Músicas de filmes - "The Oscar" (Maybe September), (Livingston/ Evans/Faith), "Love Story" (Lai/Sigman), "Days Of Wine And Roses" (Mancini/Mercer), antigos foxes ("Tea For Two") (Caesar/Youmans), "I'll Begin Again" (Leslie Bricusse), um clássico de George - Ira Gerswhin ("They Can't Take That Away From Me") e até uma composição de Luís Bonfá ("The Gentle Rain"), estão entre as faixas deste agradabilíssimo álbum de se ouvir, ideal para os momentos românticos. Um disco que, sem dúvida, ajuda o amor.
Tão popular quanto Tony Bennett é Andy Willians (Wall Lake, Iowa, 1932), que começou cantando com seus irmãos, Bob, Dick e Don, atuando no rádio em Des Moines, Iowa, e depois em Chicago e Cincinnatti. Posteriormente, com Kay Thompson atuou em shows na Califórnia até, como solista, ser lançado no show de tv "Tonight" de Steve Allen. Posteriormente, substituiu a Pat Boone em seu show semanal "Chevy Showroom" e, mais tarde, ganhou o seu próprio programa na NBC-TV. Dono de um estilo romântico, Andy há pelo menos 15 anos vem gravando na CBS, que agora reúne "Os Grandes Sucessos" (CBS. 138027, The Time I Get To Phoenix"), dos ex-Beatles George Harrison ("Something", "My Sweet Lord"), Lennon/ McCartney ("Michele", The Long And Winding Road"), Stevie Wonder "(My Cherie Amour"), Gerry Beckley ("I Needy You"), entre outras faixas. Johnny Mathis (San Francisco, Califórnia, 1935) é, entre os contratados da CBS, o cantor com discografia mais regular: anualmente, pelo menos dois novos elepês, reunindo músicas que se destacaram nas paradas de sucesso. Há anos que Mathis não cria um sucesso ele que lançou em 1959, "Tender Is The Night" e "Wild Is Wind", dois marcos da canção americana. Mesmo com uma carreira em decadência nos EUA e uma prova disto está em suas constantes temporadas no Brasil, Mathis continua a ter um público fiel, que absorve suas gravações "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me" (CBS, 138015, outubro/77), traz dois temas de musicas da Broadway - "One", de "A Chorus Line"; "Tomorrow", de Annie; mais "Evergreen", da trilha sonora de "Nasce Uma Estrela" - que deu a Barbra Streisand/ John Williams, o Oscar de melhor canção, ao lado da regravação de um clássico, "All The Things You Are" (Hamerstein/ Jerome Kern). Entre as canções recentes, "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me"( H. Noble), "We're All Alone" (B. Scaggs), "When I Need You" (C.B. Sager - A . Hammond), "The Most Beautiful Girl" (Wilson/ Sheril/ Hourk), e "Always Knew I Had It In Me" (Masser/Goffin). Em relação aos discos anteriores de Johnny Mathis, este está bem melhor. Muito mesmo.
Da mesma geração de Willians e Mathis, Low Rawls (Chicago, Illinois, 1935) é menos conhecido que os seus colegas, no Brasil. Cantor negro, teve suas origens nos cantos religiosos (Gospel) e sua estréia ocorreu em 1959, no Hollywood Bowl e só em 1961 fez sua primeira gravação. Em compensação, nestes 16 anos tem feito muitos álbuns e, em 1972, foi vencedor do Grammy Award, pelo seu lp "Natural Man" e no mesmo ano participou do Newport Jazz Festival, em New York. "Unmistakably Lou"(EPIC/ CBS, 144214, outubro/77), é não só um elepê que mostra a excelente voz de Low, como também o traz amparado na balançante TSOP - The Sound Of Philadelphia, uma orquestra com um som que vem agradando muito no Brasil. Na seleção, convivem músicas da dupla K. K. Gamble/ Learn", "Some Day You'll Be Old", "We Understand Each Other" - com dois clássicos conhecidos, "Secret Tears" de J. Faith/ P. Terry e a inesquecível "All The Way" (Jimmy Van Heusen - S. Cohen), que há 21 anos valeu o Oscar de melhor canção aos seus autores e que Frank Sinatra cantava na trilha sonora do filme "Chorei Por Você" (The Joker Is Wild, 1957, de Charles Vidor).
Há alguns anos, as carreiras de James Taylor e Cat Stevens se aproximavam. Numa época de rock pesado, eletrificado, estes dois compositores guitarristas - cantores apareciam com badaladas das mais suaves que, em pouco tempo, conquistaram uma sensível faixa de público, que preferem ainda o som do que a fúria eletrônica. Elepês recentes mostram que tanto James como Cat começam a eletrificar-se desnecessariamente, embora continuem excelentes criadores.
At Stevens (Londres, 1948), que na verdade chama-se Stephen Giorgiou, filho de pais gregos, deixou a escola aos 17 anos e começou a tocar guitarra e fazer canções. Vindo para os Estados Unidos em 1971 já cantava na Philharmonic Hall, em New York e, "Wild Word", gravado por José Feliciano, em 1971 aparecia nas paradas de sucesso. Seus elepês sempre se caracterizaram por uma busca de pureza quase infantil, sugeridas nas letras, nas harmonias e até nos títulos e capas. "Izitso" (Island/Phonogram, 921001, julho/77 mantém muito desta linguagem inocente, com canções como (Remember The Days of the) "Old Schoolyard", "Child For A Day", - ao lado de outras músicas como "Life", "Killin Tome", "Sweet Jamaica", "Was Dog A Dougnut", e ("I Never Wanted) "To Be A Star". Entre os músicos convocados para acompanhar Stevens, na guitarra e voz, o tecladista Chick Corrêa.
James Taylor, 30 anos, cantor e compositor, ex-aluno da Milton Academy, aos 17 anos, em Nova York, integrante do grupo Flying Machine período em que envolveu-se com tóxicos. Transferindo-se para Londres, ali submeteu-se a tratamento de desintoxicação e gravou "Sweet Baby James" (1969). De volta aos Estados Unidos participou de um filme ("Two Lane Blacktop") e gravou dois elepês - "Sweet Baby James" e "Mud Slide Slim". Em 1971, com "You're Cot A Friend", parceria com Carole King, recebeu o Grammy Award como melhor cantor pop e no mesmo ano casou a cantora e compositora.
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