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Aramis

Trilhas Sonoras

Se alguns dos 10 volumes de "Hollywood History" (MGM Records /Phonogram, outubro/75) podem ser dispensáveis, ao colecionador mais exigente, há outros que são absolutamente necessários para quem tem o mínimo interesse pela música dos grandes mestres da canção norte-americana. Cole Porter (1892-1964), que não temos dúvida em incluir entre os mais férteis autores de todos os tempos, teve duas de suas melhores obras, reunidas no volume 7 - "Silk Stockings" e "Les Girls", onde de quebra, ainda uma trilha assinada por outro gênio, George Gershwin (1898-1938), em parceria com seu mano Ira (New York, 1896): "The Barkleys of Broadway", que no Brasil chamou-se "Ciume, Sinal de Amor". Em 1957, o musical "Les Girls" foi recebido pela crítica com o maior entusiasmo. Bosley Crowther, o mais respeitado comentarista da época, viu nele uma inovação no gênero, marcando um possível renascimento. Filmado por George Cukor, "Les Girls" reuniu um elenco excelente: Gene Kelly, Mitzi Gaynor, Kay Kendall e Taína Elg, além de Jacques Bergerac. Kay, atriz inglesa, esposa na época de Rex Harrison e que viria a falecer pouco depois, só era até então conhecida por sua atuação na comédia inglesa "Genevieve", de 1953. Já Mitxi Gaynor até então estava estereotipada em papéis secundários nos musicais da 20th Century Fox, e graças ao seu desempenho em "Les Girls", no ano seguinte ganharia o papel de Nelli Forbush em "South Pacific". A interpretação principal de "Les Girls" coube a bailarina finlandesa Taína Elg, que personifica a francesa do trio e cantava entre outros clássicos, "Ça C'Est L'Amour", 4 anos depois, na Broadway, Taina faria "Irma La Douce" (no cinema, com Shirley MacLaine). Das muitas músicas marcantes de "Les Girls", destaca-se "You Re Just Too Too!", "Ladies In Walting" e "Why Am I So Gone". "Meias de Seda" (Silk Stockings, 1957), em sua adaptação para o musical, do lendário "Ninotchka" (1939, de Ernest Lubitsch, com Greta Garbo) foi o último trabalho de Porter. Na Broadway, teve nada menos que 477 encenações, com Don Ameche, Hildegard Neff e Gretchen Wyler. Levada ao cinema por Rouben Mamoulian, reuniu Fred Astaire, Cid Charisse e Janis Paige, esta última uma jovem atriz e cantora que vinha se destacando na Broadway. No elenco, estavam ainda Peter Lorre - engraçadíssimo como desajeitado cantor - dançarino e mais Jules Munshin, Joseph Bullof e George Tobias. O enredo se referia aos esforços e dificuldades que "Ninotchka" (Charisse), veterana comandante de artilharia anti-aérea, tem que vencer para introduzir na Rússia três espiões e um pianista. Em Paris, conhece Steve Canfield (Astaire), um produtor de cinema e através dele descobre que a feminilidade é melhor que a artilharia. Após uma série de divertidas peripécias, todos escapam do castigo na Sibéria, e tudo termina entre risos e danças: Uma sutil crítica ao comunismo, com músicas maravilhosas com "Paris Loves Lovers", "Too Bad", "Silk Stockings" e "All Of You". "Amor, Ciúme de Amor" (The Barkleys of Broadway, 1949), marcou a união novamente de Fred Astaire e Ginger Rogers, 10 anos após terem feito o último filme. Previsto inicialmente para Judy Garland, "The Barkleys of Broadway" acabou sendo estrelado por Gingers, que apenas em 3 dias aprendeu o seu papel. Dirigido por Charles Walters, "Ciúme, Sinal de Amor", trouxe, entre outros clássicos dos irmãos Gershwin, "They Cant't Take That Away From Me", até hoje uma música que se ouve com emoção. xxx O volume 8 da coleção "Hollywood History" traz uma faixa que vem esclarecer uma antiga dúvida dos pesquisadores de nossa MPB: comprova que o grande Lamartine Babo (1904-1963), apesar de todo o seu talento, também cometeu alguns plágios. Plágios declarados que ele, honesto como sempre foi, nunca escondeu. Por exemplo, ao compor o "Hino da América", seu time do coração, "Lala" usou toda a linha melódica de uma das canções que Carleton Carpenter e Debbie Renolds cantavam em "Duas Semanas de Amor" (Two Weeks With Love, 1950, de Jack Cummings), musical que passou despercebido e que reunia Jane Powell e Ricardo Montalban, "Row, Row, Row", a faixa de Monarco-Jerome, que inspirou a Lala a criar o comunicativo hino para o América F.C., é a mais interessante, realmente, no trilha deste filme, que aparece no volume 8 da "Hollywood History". Já "A Noiva Desconhecida" (In The Good Old Summertime, 1949, de Robert "Pop" Leonard) foi outro dos tantos filmes estrelados por Judy Garland, em seus anos de ouro na MGM. A origem deste musical foi uma peça de Miklos Laszlo montada em Budapeste, antes da guerra: "Parfumerie". Em 1940, foi feita a primeira versão cinematográfica, produzida pela MGM e intitulada "The Shop Around the Corner", com Margaret Sullivan e James Stewart nos papéis principais. Há 12 anos, o musical voltou a Broadway, com o título de "She Loves Me". Em "A Noiva Desconhecida", Judy contracenava com Van Johnson, então jovem galã, e, entre outras musicas catava, "I Don't Care" e "Merry Christmas". "Tudo Azul" (Good News, 1947, de Charles Walters), foi a versão cinematográfica de um musical escrito em 1927, e que marcou o aparecimento do trio b.G. De Sylva, Brown e Henderson. Em 1930, teve sua primeira adaptação para o cinema e, 17 anos depois, marcava a estréia no cinema do ingles Peter Lawford ao lado de June Allyson. O diretor foi desconhecido - George Abbott - mas o produtor já era Arthur Freed, responsável pelos melhores musicais dos anos de ouro de Hollywood, como esta coleção (e o filme "That's Entertanemnt") mostra e prova. xxx Como quem não tem MGM caça com sucessos avulsos, a CBS também decidiu entrar no próspero mercado das trilhas sonoras. Há 60 dias, saiu um álbum duplo chamado "Os Bons Tempos de Hollywood", que agora tem [seqüência] com o volume 2 (CBS - Collector Series, novembro/75). Montagem de Ney Padilha Filho, os dois Lps reúnem 24 temas de 23 filmes de diferentes épocas, mas todas praticamente com gravações não originais, extraídos dos diferentes elepes com os mais comerciais artistas do elenco da CBS. Felizmente, a produção teve o bom senso de convidar um dos mais organizados críticos e pesquisadores de cinema, Salvyano Cavalcanti de Paiva, para redigir as notas de contracapa, graças às quais identifica-se de quem filme pertencem os temas interpretados por Ray Connniff e orquestra, Harry James, Caravelli, Liberace e outros conjuntos bastante cor-de-rosa do próspero elenco da CBS. Mas há destaques também. Por exemplo, com a excelente orquestra de Paul Weston, temos o clássico tema "Shane", do filme "Os Brunos Também Amam" (53, de George Stevens) e "Indiscretion" (Cahn/ Weston/ Cicognini) de "Quando A Mulher Erra" (53, de Vittorio de Sica). No disco 1, temos "Midnight Lace" do filme "A Teia da Renda Negra" com Ray Connif; "Misty" (Burke-Garner), com Johnny Mathis, canção-título de "Perversa Paixão" (Play Misty For Me, 73, de Clint Eastwood); "Lili Marlene" (Hans Leip - Norbert Schultze) com Marlene Dietrich; "Tea For Two" (Caesar - Youmans), com Doris Day; "Le Rififi" (P.Gerard - George La Rue), com Michel Legrand e orquestra, do filme "Rififi" (55, de Jules Dassin; (com orquestra de André Previn; "Bolwing Wild" (Webster/Tiomkin), com Frankie Laine, do filme "Sangue na Terra" (53); "Maria" (Sondheim/Bernstein), de "West Side Story", com Johny Mathis; "It Had To Be You You" (Kahn-Jones), com Sammy Kaye; do filme "Modelos"; "OL8-Man River" (Hammerstein II /Kern), com Paul Robeson, do filme "Show Boat" (O Barco das Ilusões) e "The High And The Mighth" (Ned Washington /Dmitri Tiomkim), com Harry James e orquestra, do filme "Um Fio de Esperança" (54, de William Wellmman). No disco 2, temos: "Il Etait Une fois Dans L'Quest" (Ennio Morricone), com Carelli do filme de Sergio Leone; "Strangers In the Night" (Kaempfert - Singleton - Snyder), com Johny Mathis; "Thr Sound of Music" (Hammerstein Il/Rodgers), com Ray Conniff, de "A Noviça Rebelde" (63, de Robert Wise); "Mrs. Robinson" (p.Simon), com Simon e Garfunkel, de "A Primeira Noite de Um Homem"; "Carioca" (Kahn/Eliscu/Youmans), com Liberace, do filme "Voando para o Rio" (33); "The Green Leaves Of Summer" (Webster/Tiomkin), com The Brothers Fourd, de "Alamo"; "North To Alaska" (M.Philips), com Johny Horton, de "Fúria no Alasca" (1969): "Spellbound Concert" (Miklos Rosza) com Liberace, de Quando Fala o Coração" (44, de Alfred Hitchcook); Shane", com Paul Weston; "Secret Love" (Webster /Fain), com Doris Day de "Arida Como Pimenta" (50); "Always In My Heart" (Ernesto Lecuona) com Litty Kallen, de "Sempre em Meu Coração" (1942) e, por último, com Mitch Miller, dois temas de "A Ponte do Rio Kwai" (1957, de David Lean): "March From The River Kwai" e "Colonel Bogey".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
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30/11/1975

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