Suor musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1977
Embora não tenha tido tempo de freqüentar nem uma sauna da cidade, o maestro Roberto Schnorrenberg suou muito durante os 40 dias que passou na cidade, dirigindo o Festival/Curso Internacional de Música. Ontem, quando foi dada a última nota do "Te Deum" de Zoltan Kodaly o imenso maestro suava em bicas. E durante o longo concerto, tanto na segunda como na terça-feira, em cada intervalo, Schnorrenberg aproveitava para enxugar o suor que corria pelas suas gordas faces.
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Mais de 5 minutos de aplausos, em pé, confirmou por parte do público, o entusiasmo pelo programa de encerramento do Festival. Na primeira parte, a "Véspera Solnnes de Confessore" de Wolfgang Amadeusz Mozart (1756-1791), belíssima na interpretação do coral de mais de 400 vozes e orquestra formada com a participação de alguns dos melhores músicos do Brasil. Na segunda parte, duas peças difíceis, de autores ainda desconhecidos (em termos de grande público) no Brasil: "Stabat Mater" de Karel Szymanowski (1822-1937) e o "Te Deum", do compositor húngaro Zoltan Kodaly (1882-1967). Tanto quanto Schnorremberg, foram aplaudidos também os solistas - Maria Kallay (soprano), Sofia Schulz (Contralto), Roberto Britos (tenor) e Fernando Carvalhes Duarte (baixo).
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A peça que o maestro Marlos Nobre, diretor do Instituto Nacional de Música, compôs por encomenda da direção do Festival acabou mesmo não sendo apresentada. Motivo: com a fuga do maestro japonês Kenzo Nagano, que abandonou os ensaios pela metade (obrigando Schnorrenberg a substituí-lo, o que fez aliás de maneira brilhante), não houve tempo para ensaiá-lo. E com isso a peça de Nobre permanece inédita.
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