Os caminhos do mundo para o maestro Nobre
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de outubro de 1987
Poucos compositores contemporâneos tem uma agenda internacional tão carregada quanto Marlos Nobre, 48 anos, Pernambucano de Recife. Tanto pelas funções que exerce junto a Unesco, como pelo vigor de sua obra, Marlos - primeiro diretor do Instituto Nacional de Música, quando o então ministro Ney Braga, da Educação e Cultura, criou aquele órgão junto a Funarte - tem viajado pelos quatro cantos do planeta.
Há algumas semanas, Marlos retornou da Europa onde esteve como vice-presidente do júri internacional do 9º Concurso Internacional de Piano de Santander, na Espanha, ao lado de Nikita Megaloff, Paul Bodura-Skoda, Eugen Stomin e Harold Schocenberg (crítico do "New York Times"). Entre as obras incluídas no concurso constava a "Homenagem a Rubinstein", que Marlos escreveu em 1973. E que emocionou, especialmente, a viúva do pianista, Nola Rubinstein.
Convidado pela União de Compositores da União Soviética, Marlos participou, recentemente, em Moscou, do Fórum Internacional para o Desarmamento Nuclear, atuando na comissão de cultura ao lado de Graham Greene, Pollini, Luciano Berio e Novo. O "Pravda" dedicou uma página a entrevista de Marlos, no qual ele analisou a situação do compositor em todo o mundo.
Em junho, Marlos foi convidado a visitar a China para presidir o Congresso Internacional de Música Tradicional realizado em Beijing, sob os auspícios da Associação de Músicos da República Popular da China.
E as viagens continuarão: de 20 a 25 de outubro integrará o júri do Concurso Internacional de Guitarra de Paris, que inclui entre as obras de repertório dos candidatos a "Homenagem a Villa-Lobos", para violão de sua autoria. Dois dias após o encerramento do concurso em Paris, Marlos, estará em Stutgart, República Federal da Alemanha, para, a convite do Instituto Internacional para Relações Culturais no Exterior, participar do simpósio "Mundos Exóticos e Fantasias Européias". Na ocasião, Marlos apresentará algumas de suas novas obras.
De 9 a 14 de novembro - após um breve retorno ao Brasil - Marlos carimba novamente seu passaporte. Será júri do Concurso Internacional de Piano "Tereza Carreño", em Caracas, em cujo repertório inclui-se a sua peça "Tango".
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Apesar das andanças internacionais, Marlos não pára de compor. O Festival Internacional de Guitarra Esztergom, na Hungria, lhe encomendou uma nova peça para conjunto de violões. Nobre está terminando a obra intitulada "Cithare Chordas Pro Pace", que terá sua estréia ainda em novembro.
Um dos mais prestigiosos festivais de música contemporânea em todo o mundo, o Musik Protokoll, em Graz, Áustria, apresenta no dia 24 de outubro, outra importante obra de Marlos: "Sonancias III para dois pianos e 2 percussionistas". Nobre participará neste Festival ao lado de nomes como Penderecki, Globokar, Kagel, Rihm, Donatoni, Kopelent e Holliger.
Sua peça, "Sonancias I", para piano e percussão, foi estreada no México no recente Fórum Internacional de Música Nova, interpretada pela Orquestra de Percussão da Unam. O crítico mexicano Aurélio Tello, assim se referiu à obra: "Possivelmente Sonancias I é uma das mais notáveis obras latino-americanas escritas nas últimas décadas, pela precisão e cuidado de sua escritura, a alta dose de expressividade e emotividade e o grande artesanato do compositor, um dos mais notáveis de nosso tempo".
No Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, a soprano sueca Sonja Stenahmmar e o pianista português João Paulo Santos interpretam com grande êxito o ciclo "Três Canções para Canto e Piano" (Maracatu, Teu Nome é Boca de Forno), de Marlos com poemas de Manuel Bandeira.
O violonista italiano Piero Bonaguri, a exemplo de grande número de guitarristas internacionais, inclui no repertório de seus concertos em todo o mundo a série de "Momentos" para violão e a Homenagem a Villa-Lobos para o violão de Nobre.
A Orquestra de Câmara St. John's Smith, de Londres, apresentará em abril de 1988 um programa inteiramente dedicado à obra que Marlos escreveu para orquestra de cordas. O concerto será em Londres e o compositor foi convidado a reger a apresentação.
Já o Duo Contemporâneo da Holanda, formado por um clarinetista e um percussionista, encomendou-lhe uma obra para a tourné internacional que fará nos EUA/Europa em 1988.
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