Marlos preside agora o conselho da Unesco
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de novembro de 1985
Há alguns meses, milhares de músicos, professores, estudantes e intelectuais enviaram ao ministro Aloísio Pimenta, da Cultura, um manifesto de apoio à indicação do nome do compositor Marlos Nobre para a direção do Instituto Nacional de Música da Funarte, órgão, aliás,, que ele implantou e dirigiu no início. Há quase 7 anos, está na direção do INM o compositor catarinense Edino Krieger. Marlos, em compensação, acaba de ser eleito, unanimemente, para a presidência do mais importante organismo do gênero em todo o mundo: o Conselho Internacional de Música da UNESCO. Isso aconteceu durante a 21ª Assembléia Geral do órgão, realizada entre 24 e 30 de setembro, em Dresden, República Democrática da Alemanha, com a presença de representantes de 75 países da Europa, Américas, Ásia e África, além dos presidentes de 18 organizações internacionais musicais. Apenas eleito, Marlos já conseguiu, através de votação também unânime da Assembléia, a oficialização do ano de 1987 (que coincide com o centenário de nascimento do maior compositor brasileiro) como o Ano Internacional Villa-Lobos. Marlos também obteve do Conselho que, a 1º de outubro de 1987, Dia Internacional da Música, todos os países incluam obras de Villa-Lobos em seus programas musicais. O que significa que Villa-Lobos (1881-1959) será ouvido, nesse dia, em todo o mundo.
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Marlos Nobre (pernambucano de Recife, 46 anos) é, hoje, o compositor brasileiro mais conhecido e respeitado em todo o mundo. Por isso mesmo, tem agenda movimentadíssima. Logo após ser eleito, para a presidência do Conselho Internacional de Música da Unesco, seguiu para Amsterdan, onde participou do World Music Days - 1985, da Sociedade Internacional de Música Contemporânea. Ali, dia 9 de outubro, foi apresentada, com grande repercussão de público e crítica, sua obra "Sonancias III", para dois pianos e dois percussionistas. Aconteceu no mais badalado auditório de música nova de Amsterdan ("De Ijsbreker") e na execução dos pianistas René Eckhardt / Niek de Vente, e dos percussionistas René Jonker e Wim Vos.
A seguir, Marlos viajou com destino a Roma, onde assistiu importante apresentação de sua "Cantata de Chimborazo", escrita com textos de Simon Bolivar, no Auditório del Foro Itálico, na execução primorosa da Orquestra Sinfônica do Coro di Roma da Rádio e Televisão Italiana. De Roma, Marlos foi a Buenos Aires, para outra estréia de "Cantata do Chimborazo", no Teatro-Nacional, sob direção do argentino Jaime Braude.
Ainda na Europa, Marlos foi convidado para ser presidente do Colóquio Internacional sobre "A Música contemporânea no mundo atual", de 26 a 31 de janeiro de 1986, durante o MIDEN clássico, em Cannes. O compositor brasileiro abrirá o Colóquio Internacional com uma exposição pessoal sobre o estado da música contemporânea em nossos dias em todo o mundo.
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